18 de abril de 2024

De geração para geração: na Resex Chico Mendes, filha de Raimundão não deixa legado do pai morrer

Filha de Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, a jovem ativista que vive na Reserva Extrativista Chico Mendes, Raiara Barros, de 18 anos, tem se dedicado à luta pela floresta em pé. Força e paixão herdadas do pai, que segundo ela, é seu maior exemplo.

Raimundão lutou junto com o primo, Chico Mendes, tendo o extrativismo como fonte de renda dentro da reserva, que vive até hoje, segundo Raiara, ameaçada por criações de gado e desmatamento. Aliás, a luta ambiental é histórica na família antes e depois de Raimundão e Chico: praticamente toda a família é envolvida na causa e eles fazem parte da linha de frente do Comitê Chico Mendes.

Neste 5 de junho, data em que se comemora o Dia da Amazônia, Raiara relembra os desafios que é lutar pela preservação da floresta. Em entrevista ao ContilNet, a jovem afirma que a consciência de que preservar a natureza é preservar vidas, vem desde que criança.

Filha de Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, a jovem ativista que vive na Reserva Extrativista Chico Mendes, Raiara Barros, de 18 anos, tem se dedicado à luta pela floresta em pé

“Atualmente faço partes de vários grupos como o Engaja Mundo, Comitê Chico Mendes e estou muito envolvida nesta luta, principalmente por causa do meu pai, que me inspira muito e fazer parte disso é muito importante para mim, poder contribuir. Desde muito criança, que comecei a entender as coisas, comecei a me envolver e me engajar nessa luta”, explica.

A Reserva Extrativista Chico Mendes, onde vive Raiara, Raimundão e sua família, possui uma área de 970.570 hectares e foi criada em 1990, como símbolo da luta dos povos da floresta pelo direito de preservar seus modos de vida, de forma sustentável, em meio à expansão do agronegócio.

“A vida na Resex não é fácil, é uma vida de muito trabalho e trabalho pesado, temos a sensação que nada chega para gente, nem mesmo internet que hoje é fundamental para as coisas fluírem, principalmente para os jovens. Nossos produtos não são valorizados como eram antigamente, trabalhamos muito duro para sobreviver e garantir tudo de forma sustentável, que dialogue com nossa bandeira de preservação”, diz.

Sobre a falta de políticas ambientais, Raiara vê o Brasil viver um momento de retrocesso nos últimos.

“Temos o Governo Bolsonaro que só tem aprovado projetos que permitem a devastação das nossas florestas e tem piorado muito as coisas”.

Mas apesar disso, a ativista diz estar com esperança de dias melhores.

“Creio que agora tem tomado um impulso, estou vendo um movimento jovem que até pouco tempo não via, agora vejo pessoas buscando engajar os jovens, formá-los para a defesa das florestas e conscientizando de que os jovens são os protagonistas, então eu vejo um novo momento, bem inspirador”, diz.

Por falar em jovens, e para eles que Raiará deixa um recado neste Dia Mundial do Meio Ambiente.

“Queremos que os jovens tomem conhecimento da luta que foi vivida antes, que vão para frente, valorizem seus territórios. A natureza é vida, nossas florestas são fundamentais para nossa existem, vamos à luta!”

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