Fiocruz alerta que 69% de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave são de covid-19

Quase 70% das ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país até 4 de junho eram de pessoas que contraíram covid-19, segundo o mais recente Boletim Infogripe, documento semanal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que acompanha a trajetória da SRAG no país desde o começo da pandemia – visto que a síndrome é considerada sub-notificação de covid-19, na maioria dos casos.

A tendência é de continuidade de crescimento em número de casos de SRAG, nas próximas semanas, alertam ainda os pesquisadores, no documento publicado nesta quinta-feira (09).

Na prática, os dados de expansão de contágio das enfermidades, no país, refletem a continuidade de trajetória recente de alta de casos, tanto de SRAG quanto de covid-19 no Brasil, ressaltaram os técnicos da fundação. Isso é perceptível ao se notar a trajetória da apuração da Fiocruz, na contabilidade de casos das duas doenças.

Nos dois boletins Infogripe imediatamente anteriores, as parcelas de pacientes com covid-19, no total de casos de SRAG, era de 60% até a semana de 28 de maio, no boletim veiculado pela fundação em 1º de junho; e de 48% no boletim até a semana de 21 de maio, divulgado em 26 de maio.

Já no boletim anunciado hoje pela Fiocruz, cujos dados coletados vão até 4 de junho, os pesquisadores da fundação informaram que, nas últimas quatro semanas, a covid-19 respondeu por 69% dos casos de SRAG.

Além disso, a Fiocruz alertou que, em relação ao total de óbitos por vírus respiratórios, o estudo aponta que 92,22% foram em decorrência do Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19.

O fenômeno não parece concentrado apenas em uma faixa etária, acrescentaram os estudiosos da fundação. Na prática, os pesquisadores da Fiocruz no documento alertam para “cenário claro de crescimento no número de casos semanais de SRAG associados à covid-19 em todas as faixas etárias da população adulta”, no país, até 4 de junho.

Além disso, nas ocorrências de SRAG na população em geral, a estimativa da Fiocruz mostra crescimento de 39,5% na média móvel de casos semanais na comparação entre a primeira e última semana de maio. Na população adulta, a partir de 18 anos, a estimativa é de que esse crescimento tenha sido de 88,7%, acrescentaram ainda os pesquisadores.

Somente na semana compreendida pelo boletim divulgado nesta quinta-feira – entre 29 de maio a 4 de junho -, a Fiocruz apurou média semanal de 7,7 mil casos de SRAG no país, detalharam os pesquisadores.

Em nota, o pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes, coordenador do Boletim Infogripe, detalhou que, no grupo de 0 a 4 anos, os casos de vírus respiratório seguem fundamentalmente associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), embora também se observe presença relevante de Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19, rinovírus e metapneumovírus. Mas, nas demais faixas etárias, predomina as ocorrências de Sars-CoV-2, afirmou ele.

No entendimento do técnico, no atual contexto, é imprescindível dose de reforço da vacina e da volta do uso de máscaras. “É fundamental que a população retome certas medidas simples e eficazes como o uso de máscaras, especialmente no transporte público, seja ele coletivo ou individual – tais como ônibus, trem, metrô, barcas, táxis e aplicativos. E quem ainda não tomou a dose de reforço da vacina da covid, é preciso tomar. A vacinação é simplesmente fundamental”, afirmou o pesquisador.

No boletim, os técnicos da Fiocruz notam que o quadro atual apresenta sinal de forte crescimento nas tendências de longo prazo, ou seja, em seis semanas; e de curto prazo, em três semanas. “O sinal de crescimento recente está presente em faixas etárias da população adulta”, reforçou Gomes, no comunicado.

Recorte regional

No recorte regional da pesquisa, a fundação detalhou ainda que vinte e quatro das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento de casos de SRAG na tendência de longo prazo, ou seja, nas últimas seis semanas, até a semana compreendida no boletim veiculado hoje.

É o caso de Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.

Já no caso das capitais, 22 mostram crescimento na tendência de longo prazo, de casos de SRAG. É o caso de Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), plano piloto e arredores em Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Natal (RN) Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).

Em 2022, já foram notificados 155.227 casos de SRAG, sendo 75.012 (48,3%) com resultado laboratorial positivo para vírus respiratório, 57.328 (36,9%) negativos, e ao menos 14.701 (9,5%) aguardando resultado laboratorial, de acordo com números apurados pelos pesquisadores da fundação.

Ainda de acordo com a Fiocruz, das ocorrências com resultado positivo para vírus respiratórios, 5,2% foram por influenza A; 0,1% por influenza B; 9,1% por Vírus Sincicial Respiratório (VSR); e 82,7% por Sars-CoV-2.

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