Influenciadora digital zomba de vagas exclusivas para autistas em estacionamento de shopping; vídeo
Por G1
A influenciadora digital e maquiadora Larissa Rosa, moradora de Anápolis, a 55 km de Goiânia, zombou das vagas exclusivas para autistas (assista o vídeo acima) num estacionamento de um shopping da capital, na terça-feira (14). Segundo especialistas, os vídeos repercutiram porque revelam um preconceito contra pessoas que têm o transtorno do espectro autista, as causas LGBTQIA+ e obesos.
A influenciadora digital e maquiadora Larissa Rosa, moradora de Anápolis, a 55 km de Goiânia, zombou das vagas exclusivas para autistas (assista o vídeo acima) num estacionamento de um shopping da capital, na terça-feira (14). Segundo especialistas, os vídeos repercutiram porque revelam um preconceito contra pessoas que têm o transtorno do espectro autista, as causas LGBTQIA+ e obesos.
O comentário foi postado em um grupo de amigos próximos, que teria apenas 18 pessoas, segundo a maquiadora, mas mesmo assim o vídeo vazou e ganhou força na internet. Larissa Rosa postou vídeos e textos pedindo desculpas pelos comentários (leia a íntegra ao final do texto).
A mãe da maquiadora, Vânia Rosa, estava ao lado dela durante a gravação dos vídeos. No início, ela repreende os comentários da filha. “Você não vai fazer isso. Qual é o problema do autista?”, questiona. A filha, então, respondeu:
“Vou sim. Não tenho nenhum problema com autista. A vaga é tão colorida que achei que era para viado. Vaga para mim nunca tem”, disse a maquiadora.
Após a repercussão, a mãe da influenciadora gravou um vídeo pedindo desculpas pelos comentários da filha. Nas imagens (veja acima), a mulher aparece chorando e diz que o ser humano é sujeito a falhas. “Acredito também que devemos ter maturidade e humildade para enxergar e reconhecer nossos erros”, declarou Vânia Rosa.
O delegado Joaquim Adorno, do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), informou nesta quarta-feira (15) que vai investigar os vídeos. Inicialmente, podem ser enquadrados no crime de discriminação de pessoa em razão de sua deficiência. A pena é de 2 a 5 anos de prisão.
No início de uma sequência de vídeos, Larissa Rocha também questiona quando seria liberada uma vaga para “gordo estressado”.
“Gente, olha isso aqui. Agora tem vaga exclusiva para autista. Cara, o mundo está muito difícil. Quero saber quando vai ter vaga para gordo estressado”, diz Larissa rindo das vagas.
O presidente do Núcleo de Apoio e Inclusão do Autista (NAIA), Marcelo Oliveira, disse que esse tipo de declaração passa longe de ser uma piada. A entidade atende cerca de 60 pessoas com autismo em Goiânia.
“Representa uma total falta de conhecimento e empatia. Ela ofendeu três causas ali: do autismo, do LGBTQIA+ e da obesidade. A gente enxerga que a sociedade está um pouco alheia às dificuldades das pessoas com deficiência e das causas de minoria”, ressaltou Marcelo Oliveira.
Pessoas autistas têm direito a vagas preferenciais em estacionamentos de todo o país, depois que a nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, definiu o autismo como uma deficiência. Só é preciso fazer uma credencial para conseguir o direito.
Repercussão
O autismo atinge uma em cada 160 crianças no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Aos poucos elas estão conquistando seu espaço, como o jovem goiano Augusto Mangussi, de 15 anos. Ele é artista plástico e já expôs suas pinturas até em Miami, nos Estados Unidos. O pai dele, Antônio Mangussi, lamentou os comentários gravados nos vídeos.
“Esse ato cometido por essas duas senhoras foi muito triste para a comunidade. A gente vem numa luta constante por respeito e dignidade. Nos sentimos muito ofendidos. As crianças estão em busca de terapia e respeito e de próprios diretos deles mesmos”, destacou Mangussi.
Nota da maquiadora Larissa Rosa
Decidi vir, através dessa nota, pedir as mais sinceras desculpas pelos acontecimentos que estão repercutindo nas últimas horas. Me desesperei inicialmente com a repercussão da situação e com um bombardeio de mensagens revoltadas (com razão).
Agora, entendo que a forma que me senti com esse turbilhão ainda não chega perto do que muitas mães e outros grupos sentiram ao ouvir as palavras infelizes que pronunciei.
Refleti sobre toda a situação e quero me desculpar também por dizer se que tratou de uma brincadeira, feita exclusivamente em um grupo de melhores amigos com 18 pessoas. Isso também não justifica.
Minhas palavras não podem ser vistas como brincadeira e não deveriam ter sido ditas nem para mim mesma, imagine para um grupo de 18 pessoas. Acreditem, elas não me representam em nada.
Agradeço também às pessoas que, apesar de reprovarem a conduta e não terem nenhuma obrigação de me ensinarem nada, ainda tiraram um minuto do tempo delas para me enviar informações e materiais que me mostraram realidades diferentes das que eu já conheci.
Espero que essa infeliz situação um dia possa ser perdoada por quem se sentiu ofendido. Garanto também que, da minha parte, nunca mais vai se repetir.
Assim como anunciado ontem, permaneço à disposição no direct para me desculpar individualmente com quem estiver decepcionado e revoltado com minha atitude.