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Pediatra dá dicas de prevenção contra o surto de síndrome respiratória no Acre

Por KATIÚSCIA MIRANDA, PARA CONTILNET

Criança fazendo inalação/ Freepik

Com o surto de contaminações virais que acarretam a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principalmente nas crianças, a médica intensivista pediatra, Milena de Sá do Vale, dá algumas dicas sobre como se prevenir. Confira a entrevista:

ContilNet – O que é a SRAG e quais os sintomas?

Milena de Sá do Vale – O que define uma síndrome é um conjunto de sinais e sintomas, então todo indivíduo que tem sintomas gripas como febre, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza ou alterações do olfato por exemplo, ele tem o que a gente chama de síndrome gripal. E quando esse indivíduo tem essa síndrome gripal associada à falta de ar, pressão no peito, queda de saturação de oxigênio ou a pessoa fica azulada, que a gente fala que fica cianótica, ela tem uma síndrome respiratória aguda grave.

ContilNet – As crianças são mais suscetíveis à SRAG? Porque? Qual a faixa etária onde o problema é mais preocupante?

Milena de Sá do Vale – Sim, as crianças são mais vulneráveis por causa da anatomia do sistema respiratório. São estruturas mais delicadas, mais finas, então quando a gente tem um edema dos brônquios ou dos bronquíolos, diminui ainda mais o lúmen pra passagem de ar. Além disso, a musculatura das crianças ainda não é fortalecida, o que faz com que elas cansem mais rápido do que os adultos quando estão com um quadro de falta de ar ou aumento da freqüência respiratória. A faixa etária que requer maior cuidado, ou seja, tem sim maior nível de preocupação, são crianças com menos de um ano, em especial, as crianças com menos de seis meses por conta das características naturais própria desses indivíduos: uma via aérea pequena, ainda em nível de maturação e musculatura mais fraca.

Pediatra Milena de Sá do Vale. Foto cedida

ContilNet – A evolução da SRAG tem a ver com a falta de vacinas? As crianças com menos de cinco anos, que não podem tomar a vacina contra Covid, correm mais riscos?

Milena de Sá do Vale – A falta de vacina tem uma relação direta sim com a SRGA, uma vez que qualquer vírus pode ativar o desenvolvimento do quadro. Porém, os vírus mais comuns, que a gente vê maior prevalência no momento é o vírus sincicial respiratório (VSR). Contra esse vírus, ainda não temos uma vacina. Nós até temos a vacina, mas ela é restrita a crianças pré-maturas e crianças com problemas graves no coração, que nasceram com alguma cardiopatia. As demais crianças não recebem essa vacina. Outros vírus que a gente pode citar são o da influenza e da covid, para os quais temos vacina. Com certeza a vacinação é um fator de proteção contra o desenvolvimento da síndrome.

ContilNet – Os sintomas pode ser confundidos com os da Covid-19, como os profissionais de saúde tem lidado com essa situação?

Milena de Sá do Vale – Os sintomas da SRAG são comuns a uma série de vírus, então realmente pode haver uma confusão. Por este motivo, nós temos feito exames para detecção e isolamento do vírus. Então a gente tem feito um painel viral para essas crianças que desenvolvem SRAG. Para todas elas é feito a coleta e a gente tem a certeza de qual vírus está atuando naquele momento.

ContilNet – O que os pais podem fazer para prevenir as doenças respiratórias nas crianças?

Milena de Sá do Vale – A prevenção é sem dúvida o melhor remédio. Eu sempre oriento que as mães, pais e responsáveis mantenham a cadernetas de vacinação das crianças em dias, que mantenham o uso da máscara em locais públicos para as crianças com mais de dois anos, além disso, reforçar as medidas de higiene como lavagem de mãos e uso do álcool gel. Uma coisa interessante e necessária nessa fase que estamos vivendo também é a não visitação de bebês recém nascidos. O ideal é evitar visitas, mas se receber, tomar os devidos cuidados como uso de máscara e higienização das mãos. Devemos tomar todas as medidas cabível para evitar contaminação de vírus em bebês. Essas são as principais dicas para o controle dessa grande contaminação viral que a gente está vivendo.

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