A maternidade é uma das fases onde a maioria das mães experimenta na pele dores e delícias. Conduzir esse processo pode ser doloroso e solitário. E é. Mas a servidora pública Narjara Saab decidiu compartilhar parte desse processo de descoberta nas redes sociais, em 2016, quando a sua filha, Luna Saab, que hoje tem 8 anos, tinha menos de três anos.
Inteligente e sagaz desde a primeira infância, Luna é daquelas crianças que “soltam pérolas” que ninguém acredita. Quer dizer, quem tem a oportunidade de uma única conversa com ela, acredita fácil. Foi justamente esse comportamento que foi sendo retratado pela mãe, que passou a compartilhar no Facebook as Pérolas da Luna, sem pretensão e muito menos sem imaginar que sete anos depois elas renderiam um livro.
“Um belo dia em 2016, eu no auge do deslumbre com a maternidade. Sabe mãe que acha tudo que filho diz e faz lindo? Então… resolvi compartilhar com meus amigos do Fecebook uma gracinha que a Luna disse (inclusive essa é a primeira pérola do livro) e à época nem intitulei como Pérolas da Luna mas, considero a primeira… Ela tinha menos de 3 anos ainda. Daí os amigos acharam engraçadinho e eu pensei que seria legal continuar postando porque ela sempre dizia coisas engraçadas e perspicazes e eu sempre tinha o celular em mãos até mesmo pra fotografá-la e gravá-la, e foi assim que começou… Logo eu comecei a chamar de Pérolas da Luna por serem mesmo pérolas que ela dizia ou fazia, e também para ficar mais fácil de eu encontrar quando precisasse”, conta Narjara.
O livro está pronto e vai ser lançado em um sarau, marcado para o dia 10 de julho, às 16 horas, na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco, em um evento gratuito com a presença da inspiração do livro, Luna, além de outras atrações, como apresentações musicais, performances cênicas, sorteios de livros e mais.
A mãe conta ainda que a ideia de transformar as histórias da pequena em um livro surgiu por amigos e foi sendo amadurecida ao longos dos anos, até que a oportunidade apareceu através de um edital do Banco da Amazônia.
“Essa ideia nunca partiu de mim. Minha vontade era de ir registrando tudo na rede social e praticamente em tempo real pra não esquecer e como forma de ficar tudo datado também para que no futuro, quando ela crescesse mais, eu transformasse em um impresso para presenteá-la. Com o passar dos anos foram muitas as pessoas que diziam nas postagens e também me mandavam mensagens no privado, me estimulando a transformar Pérolas da Luna em um livro. Mas eu não acreditava que esse material seria de interesse geral. Pensava que seria bacana para mim, para ela e para os amigos que nos conheciam e tal… Ano passado, de tanta gente estimular, resolvi tentar e escrever um projeto para o Banco da Amazônia, mas juro que escrevi meio que pensando assim, “vamos ver se esse material interessa mesmo a alguém além de nós”. Escrevi descrente sabe… Quando passou eu confesso que fiquei muito surpresa”, diz.
Apesar de ser uma vontade dos amigos de Narjara e Luna, a decisão de publicar o livro não foi tomada sem antes ter a autorização da personagem principal.
“Minha relação com a Luna sempre foi de muito diálogo. E Luna demonstra uma maturidade emocional bem precoce… aos 2 anos ela já interagia verbalmente sobre vários assuntos. Aos 3, eu já conseguia perguntar a ela se podia postar essa ou aquela história. Quando algo acontecia e eu queria compartilhar eu escrevia e perguntava: “Posso contar isso para os nossos amigos da rede social?” Algumas ela dizia que sim e outras não. Tanto que tem muitas pérolas que não foram postadas e que guardei só para mim em arquivos de word. Quando fui escrever o livro, eu li com ela todas que foram para o livro e ela aprovou cada uma”, explica Saab.
Luna foi adotada por Narjara assim que nasceu e apesar de essa ser uma história de muito amor da qual Luna tem conhecimento há muito tempo, Narjara entende que se trata de uma intimidade da família e por isso a preocupação e cuidado de que Luna aprovasse cada uma das histórias contadas no livro. “Eu tenho consciência de que esse material tem a ver com a intimidade dela também (e a minha é claro, mas eu sou adulta) então conversei muito sobre o alcance dessas histórias. Deixei ela livre para retirar as histórias que falam sobre a adoção dela por exemplo, ou sobre questões que ela pudesse se sentir desconfortável, mas a Luna é muito surpreendente de verdade (sou mãe e claro que sou suspeita srs) mas ela lida muito bem com todas essas questões e foi super tranquila quanto a compartilha-las”.
Comunicativa e doce, Luna é aquela criança que não passa despercebida, gosta de tomar banho de piscina, pinta, desenhar, jogar, tomar picolé e diz que gosta de fazer tarefas, principalmente as de português.
Sobre seu livro, ela diz que está emocionada com o lançamento: “Me sinto emocionada porque vai ser disponibilizado para todo mundo, tem muitas histórias engraçadas onde faço a mamãe passar vergonha, tem algumas emocionantes sobre a minha adoção e eu não me importo de compartilhar isso com as pessoas, acho que vai ser muito legal e muito importante, porque quando eu crescer, vou ter esses registros”.
Até o momento, as Pérolas da Luna só são conhecidas pelos amigos e o fato de ter um alcance maior a partir do livro, Luna diz que sente, sim, um pouco de vergonha, mas não vê isso como um problema, a única preocupação dela é com a fama: “Não sei se vou ter mão para dar tantos autógrafos”, diz aos risos.
Aém de mãe da Luna, Narjara também é mãe do Ravi, de cinco anos, e diz que sua maternidade é baseada em dar liberdade para que os filhos sejam quem são, e vivencia a maternidade como uma troca onde dá aos filhos o que lhe cabe, mas aprende diariamente com eles.
“As pessoas costumam me pedir conselhos sobre maternidade por acharem que sou uma boa mãe mas eu sempre respondo algo que julgo ser o melhor conselho que poderia dar… Eu sou uma boa mãe para a Luna e para o Ravi porque eu os escuto e aprendo com eles como eles querem ser criados, educados, amados. Jamais poderia dar conselhos a outras mães porque só elas tem os filhos e convivem com eles. Eu realmente acredito que cada criança, cada ser humano é único e que algo que funciona para uns não serve a outros. Maternidade é algo que tem que ser vivenciado com cada filho de maneira única. Luna e Ravi são dois universos distintos e sem receita de bolo nem bula então, a única forma de saber como funciona com eles é ouvindo o que eles tem a dizer, observando suas reações aos meus comandos, sentindo e sendo empática. Não tem outro jeito… É difícil e desgastante às vezes porque temos também nossas feridas. Mas, penso que só assim a gente consiga chegar de fato neles”.