18 de abril de 2024

Quem é Amarildo da Costa Oliveira, o ‘Pelado’, preso nas buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips

O pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado“, de 41 anos, é a única pessoa investigada por suspeita de envolvimento nos desaparecimentos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. O g1 fez um levantamento das informações sobre o suspeito.

Bruno e Dom seguem desaparecidos. Os dois foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, domingo da semana que passou, na Terra Indígena Vale do Javari, dentro do território que pertence à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas

As equipe de buscas encontraram pertences dos dois. Nesta segunda-feira (13), a mulher do jornalista britânico, Alessandra Sampaio, disse que os corpos dele e do indigenista foram encontrados. Mas, as autoridades que atuam nas buscas, lideradas pela Polícia Federal (PF), não confirmam a informação.

Amarildo está preso por outro motivo

Natural de Atalaia do Norte, Amarildo é pescador. É casado. A polícia ainda não divulgou se ele tem filhos. De acordo com a Polícia Civil, ele mora em São Gabriel, comunidade que pertence à área rural de Atalaia do Norte.

Ele é o único suspeito de envolvimento nos sumiços, e está preso desde o dia 7, terça-feira da semana passada. Em depoimento à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), ele negou envolvimento no caso.

A polícia chegou ao nome de Amarildo logo no início das investigações. Testemunhas ouvidas pelas autoridades policiais disseram que viram o suspeito ameaçando Bruno Pereira. Uma testemunha também afirmou que Amarildo foi visto em uma lancha, navegando logo atrás da embarcação de Bruno e Dom.

Durante as buscas na casa do suspeito, a Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) encontrou uma porção de droga, além de munição de uso restrito das Forças Armadas. Por esse motivo, ele foi preso. Amarildo mora na Comunidade São Gabriel. Dom e Bruno estiveram no local no dia do desaparecimento. Antes, eles passaram pela Comunidade São Rafael, que fica acima.

A dupla foi vista pela última vez na Comunidade Cachoeira, onde testemunhas viram Amarildo em uma lancha, atrás da embarcação em que estavam o indigenista e o jornalista.

Na noite da quinta-feira (9), a justiça decretou a prisão temporária de Amarildo por 30 dias.

A lancha dele foi apreendida no mesmo da prisão. Dias depois, a Polícia encontrou sangue na embarcação. Mas, ainda não há confirmação de que o material seja humano.

Histórico de ameaças

As investigações e informações divulgadas até o momento indicam que “Pelado” coleciona um histórico de ameaças contra Bruno Pereira e lideranças indígenas do Vale do Javari.

Em um documento obtido pelo g1 no domingo (12), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciou que Amarildo estava com um grupo de quatro ou cinco pessoas pescando no interior do Vale do Javari, próximo a aldeia Korubo, no dia 3 de abril.

Segundo o documento, “eles estariam de canoa pequena, no lago do Bananeira, na margem direita do rio Ituí, pescando peixe liso e pirarucu”. Dollis cita ainda que ‘Pelado’ é apontado como um dos autores de diversos atentados com arma de fogo contra a Base de Proteção da Funai entre 2018 e 2019 no Vale do Javari.

Um amigo de Bruno Pereira, que preferiu não se identificar, afirmou, na sexta-feira (10) , que o indigenista foi ameaçado por Amarildo um dia antes de desaparecer com o jornalista inglês Dom Phillips, no domingo (5). O indigenista e o jornalista foram vistos pela última vez após realizarem uma visita a uma comunidade próxima à Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.

“Os dois [que acompanhavam Amarildo] levantam a arma para cima, não apontando, mas sim mostrando a arma, dizendo que ali eles estavam presente, tentando nos intimidar. O ‘Pelado’ estava com uma cartucheira em sua cintura, com praticamente 30 cartuchos de calibre 16. Nesse momento, o Bruno levanta e dá um bom dia”, relata.

Bruno chegou a tirar foto dos três, mas o material também está desaparecido. A testemunha ainda conta que, em janeiro, “Pelado” teria atirado contra eles.

“A gente vinha subindo a margem do rio, e infelizmente, na hora que a íamos passando o Bruno pediu para bater umas fotos e foi bater foto da região. Parece que ele [o Amarildo] não gostou mesmo. Aí nós viramos de costas, e escutamos um tiro. Eu falei ‘Bruno, é tiro’. E ele respondeu ‘é, manda ele atirar de novo'”, comentou.

Já durante as investigações sobre o desaparecimento de Bruno e Dom, testemunhas informaram à polícia que o viram navegando atrás da embarcação onde estavam Bruno e Phillips no dia em que desapareceram. Além disso, a perícia detectou a presença de sangue na lancha do suspeito. A família diz que ele é inocente e foi torturado.

Linha do tempo

Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips sumiram no domingo (5). — Foto: TV Globo/Reprodução

Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips sumiram no domingo (5). — Foto: TV Globo/Reprodução

Bruno e Phillips foram vistos pela última vez quando chegaram na comunidade São Rafael por volta das 6h de domingo (5). De lá, eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.

Na terça-feira (7), a Polícia prendeu Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como ‘Pelado’. Durante buscas na casa dele, policiais militares encontraram uma porção de droga, além de munição de uso restrito das Forças Armadas.

Na ocasião, também foi apreendida a lancha usada por ele. No domingo, dia em que o indigenista e o jornalista desapareceram, ele foi visto por ribeirinhos passando no rio logo atrás da embarcação dos dois, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Uma testemunha ouvida pela Polícia na quarta-feira (8) disse que viu Amarildo e uma segunda pessoa na lancha no dia em que a dupla desapareceu.

A prisão temporária dele foi decretada pela justiça na quinta (9) e amostras do sangue encontrado na lancha foram encaminhadas para Manaus, onde passam por análise. Já na sexta-feira (10), equipes que fazem buscas pelo indigenista e pelo jornalista britânico encontraram “material orgânico aparentemente humano”, no rio, próximo ao porto de Atalaia do Norte.

De acordo com a nota, divulgada pela Polícia Federal (PF), o material encontrado foi encaminhado para análise pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF.

No domingo (12), a Polícia Federal encontrou um cartão de saúde com nome de Bruno e outros itens dele e de Dom Phillips. Durante a tarde, os bombeiros disseram ter encontrado uma mochila, um notebook e um par de sandálias na área onde são feitas as buscas pelo jornalista inglês e pelo indigenista no interior do Amazonas.

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