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Teste de covid-19 para crianças: veja quais são os tipos e quando é necessário fazer

Por CRESCER

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Narriz escorrendo, espirros de vez em quando, febre, uma tosse chata que parece não passar… Todos esses sintomas são bem comuns entre as crianças e corriqueiros nos consultórios dos pediatras. Normalmente, eles são sinais de um quadro alérgico, de um resfriado ou até de uma gripe. Mas precisamos sempre nos lembrar de que a pandemia de covid-19 ainda não acabou — e os casos estão voltando a aumentar. Portanto, todo e qualquer sintoma respiratório pode ser, sim, um sinal da presença do coronavírus.

Já estamos no terceiro ano de pandemia, mas ainda não dá para monitorar os sintomas sem preocupação. As doenças respiratórias costumam se manifestar de um jeito bem parecido nas crianças e, para o tira-teima, a única forma é mesmo realizar um exame. Existem vários tipos de testes de covid-19 disponíveis nos hospitais, nos laboratórios e nas farmácias. Saber escolher o tipo certo de exame, quando e como fazer é fundamental para não expor a criança (e toda a família) a riscos desnecessários.

Mas em que casos as crianças precisam ser testadas? Elas podem fazer qualquer tipo de teste? Para ajudar a responder a essas e outras perguntas, CRESCER conversou com pediatras e infectologistas para entender quais cuidados devem ser tomados nesse momento.

Será que é covid? Quando as crianças precisam fazer o teste?

Como já dissemos, a única maneira de ter certeza de que alguém está com covid-19 é fazendo o teste. Mas, no caso das crianças, é preciso mesmo por na balança em que casos vale fazer o exame ou não. Essa é uma decisão que deve ser tomada pela família, junto com o pediatra.

Mesmo entre os especialistas não existe consenso sobre o assunto. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que apenas crianças com sintomas respiratórios sejam testadas. Ou seja, se o pequeno estiver bem e sem nenhum sintoma, ele não precisa necessariamente fazer o exame – mesmo que tenha tido contato com alguém que testou positivo. Nesse caso, o diagnóstico viria pelo que os médicos chamam de “vínculo epidemiológico”. Ou seja, se o pai, a mãe, os irmãos e outros familiares que convivem com a criança estão com sintomas da doença ou testaram positivo, é muito provável que o pequeno esteja com covid-19 também. Assim, poupamos a criança do estresse do exame.

A Academia Americana de Pediatria (AAP) também defende que crianças com sintomas suspeitos sejam testadas imediatamente. Mas a recomendação para os pequenos assintomáticos é um pouco diferente. Segundo a AAP, pacientes assintomáticos, mas que tiveram contato com alguém que testou positivo, devem esperar 5 dias do último contato com a pessoa e, então, fazer o exame para ter certeza de que realmente não foi infectado. Se, nesse meio tempo, a criança apresentar qualquer sinal suspeito para a doença, a indicação é também fazer o teste.

Vale lembrar que, na dúvida, o ideal é que o pequeno fique isolado em casa (sem ir para a escola) até que saia o resultado do teste.

Qual teste de covid a criança pode fazer?

Desconfia que seu filho possa estar com covid-19? O primeiro passo é procurar atendimento médico e decidir se, de fato, há necessidade de fazer o teste ou não. “É importante que esta decisão seja tomada em conjunto com o pediatra, avaliando a situação da criança e qual a alternativa mais adequada”, explica a infectologista Aline Scarabelli, consultora médica do Labi Exames.

Hoje, existem vários tipos de teste disponíveis nas farmácias, nos laboratórios e nos hospitais: RT-PCR, PCR salivar, sorológico, autoteste, teste rápido… E nem sempre é fácil saber qual deles é a melhor opção.

As crianças podem fazer os mesmos testes feitos em adultos, tanto os de antígeno (conhecidos como “testes rápidos”) como os moleculares (conhecidos como PCR).

“Fazer o teste em crianças não é tarefa fácil, porque elas não costumam colaborar muito. E, quando o exame não é feito de forma adequada, falsos negativos podem aparecer. Isso sem contar que a sensibilidade dos testes em crianças é um pouco menor quando comparamos com os exames em adultos. Desta forma, o RT-PCR, coletado por um profissional de saúde, segue sendo o teste ideal para os pequenos”, explica o pediatra Paulo Telles (SP).

TESTES MOLECULARES

Teste RT-PCR

O que é: um teste de diagnóstico que identifica a presença do material genético (RNA) do coronavírus no organismo, por meio de amostra de secreção respiratória. Ajuda a descobrir se a pessoa está infectada naquele momento ou não. É considerado o teste “padrão-ouro”, ou seja, que costuma ter maior sensibilidade e ser mais eficaz para detectar a infecção por covid-19.

Como é feito: com um cotonete (também chamado de swab nasal). Ele é inserido na garganta e/ou no nariz do paciente. Sempre é coletado por um profissional de saúde.

Onde é feito: em hospitais privados, na rede pública de saúde e em laboratórios diagnósticos. No SUS, só é liberado com pedido médico. Foi incorporado ao rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e é coberto pelos planos de saúde, desde que com o pedido médico.

Quem pode fazer: qualquer pessoa com sintoma respiratório ou gripal, independentemente da idade, incluindo crianças, bebês e recém-nascidos. Assintomáticos também poder fazer para tira-teima.

Quando fazer: o ideal é que seja feito depois de 3 dias do começo dos sintomas, assim como é recomendado para os adultos. Se a criança não apresentar sintomas, mas tiver contato com alguém infectado, o protocolo costuma ser esperar um pouquinho e fazer o teste entre o quinto e o oitavo dia depois do último contato com a pessoa que testou positivo.

Quando sai o resultado: até 72 horas depois da coleta. Isso porque a amostra é enviada para análise em laboratório.

Nurse performing a mouth swab test on a little child. (Foto: Getty Images)

 (Foto: Getty Images)

Teste PCR-LAMP salivar

O que é: um teste de diagnóstico parecido com o RT-PCR, mas com uma sensibilidade um pouco menor. Ele identifica a presença do material genético do coronavírus no organismo, por meio de amostra de saliva. Ajuda a descobrir se a pessoa está infectada naquele momento ou não.

Como é feito: a pessoa precisa cuspir uma quantidade de saliva (normalmente de 3 a 5 ml) dentro de um potinho.

Onde é feito: em hospitais privados e em laboratórios diagnósticos. Não é feito no SUS e não é coberto por todos os convênios.

Quem pode fazer: é indicado para quem fica desconfortável com a ideia de colocar o swab no nariz. Pode ser feito por qualquer pessoa assintomática ou com sintoma respiratório ou gripal, independentemente da idade. “Costuma ser uma opção menos estressante para as crianças, mas talvez as menores não consigam cuspir todo o volume de saliva que é necessário para fazer o exame”, explica o pediatra Paulo Telles (SP).

Quando fazer: vale a mesma regra do RT-PCR. O ideal é esperar 3 dias depois do começo dos sintomas ou de 5 a 8 dias caso haja contato com alguém infectado.

Quando sai o resultado: até 48 horas depois da coleta. Isso porque a amostra é enviada para análise em laboratório.

TESTES DE ANTÍGENO

Teste rápido de antígeno (TR-Ag)

O que é: detecta as proteínas que são produzidas quando o vírus está se replicando. Para isso, é usada uma amostra de secreção nasal. Ajuda a descobrir se a pessoa está infectada naquele momento ou não, mas não é um teste diagnóstico. Ele é apenas um exame de triagem. Se o resultado for negativo, especialistas recomendam que o exame RT-PCR seja realizado, para se confirmar que o paciente não está infectado pelo coronavírus.

Como é feito: com um cotonete inserido no nariz. A coleta é feita sempre por um profissional de saúde.

Onde é feito: em hospitais públicos e privados, em postos de saúde e em laboratórios. Pode ser feito por solicitação do médico, após consulta, ou diretamente nas unidades de saúde em pessoas sintomáticas ou que tiveram contato com casos positivos. De acordo com a ANS, o teste será coberto para os beneficiários de planos de saúde com segmentação ambulatorial, hospitalar ou referência e será feito nos casos em que houver indicação médica, para pacientes com Síndrome Gripal (SG) ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Quem pode fazer: qualquer pessoa assintomática ou com sintoma respiratório ou gripal, independentemente da idade.

Quando fazer: pode ser feito entre o 1º e 7º dia do começo dos sintomas. Para assintomáticos, o ideal é esperar 5 dias do contato com quem testou positivo.

Quando sai o resultado: em até 20 minutos.

Autoteste (AT-Ag)

O que é: segue a mesma metodologia do TR-Ag. Ajuda a descobrir se a pessoa está infectada naquele momento ou não, mas não é um teste diagnóstico. Ele é apenas um exame de triagem. Se o resultado for negativo, especialistas recomendam que o exame RT-PCR seja realizado, para se confirmar que o paciente não está infectado pelo coronavírus.

Como é feito: com um cotonete inserido no nariz. O próprio paciente faz a coleta e interpreta o resultado, seguindo as instruções do fabricante. No caso das crianças, a coleta deve ser feita por um adulto. Se não coletado do jeito certo, as chances de falso negativo são grandes.

Onde é feito: em casa ou no lugar de sua preferência. Ele pode ser adquirido em farmácias e drogarias. Não precisa de pedido médico.

Quem pode fazer: qualquer pessoa assintomática ou com sintoma respiratório ou gripal, independentemente da idade.

Quando fazer: pode ser feito entre o 1º e 7º dia do começo dos sintomas. Para assintomáticos, o ideal é esperar 5 dias do contato com quem testou positivo.

Quando sai o resultado: em até 20 minutos.

TESTES SOROLÓGICOS
Se há a suspeita de que a criança possa estar com covid-19, os testes sorológicos NÃO são recomendados para fazer o diagnóstico. Isso porque esse tipo de exame não é capaz de detectar se o vírus ainda está presente no organismo ou não. Na verdade, o que ele faz é apontar se, em algum momento da vida, o corpo já produziu anticorpos contra o coronavírus.

Para analisar se esses anticorpos estão presentes, é usada uma pequena amostra de sangue (retirado por agulha ou por uma “picadinha” no dedo, como num exame para medir a glicemia). Como o corpo demora alguns dias para criar os anticorpos, é preciso esperar um tempo maior do que nos outros testes. O recomendado é que seja feito apenas após o 14º dia de início dos sintomas ou exposição ao vírus.

Na dúvida e precisando de diagnóstico rápido, prefira os testes de antígeno ou moleculares.

Como acalmar as crianças na hora do teste?
Os testes de covid-19 podem ser bastante desconfortáveis (especialmente os que usam o swab nasal), ainda mais para as crianças, que nem sempre entendem a importância do exame. Para que o procedimento seja mais tranquilo, é fundamental que a família e a equipe de saúde atuem em conjunto.

Segundo a pediatra Ana Escobar, colunista da CRESCER e professora da Faculdade de Medicina da USP, o segredo é que todos (familiares e equipe de saúde) mantenham a calma. Não é preciso antecipar a informação de que um procedimento desconfortável será realizado e nem gerar ansiedade no pequeno. “Se os pais vão com uma postura tranquila, a criança absorve isso. Uma opção é o autoteste de farmácia, muito fácil de fazer. Quando os pais fazem, desde que com delicadeza, a criança costuma ficar mais confortável. Mas precisamos lembrar que ele é apenas um teste de triagem e a eficácia nem sempre é alta”, explica.

O centro de pesquisa Mayo Clinic (EUA) preparou um guia de como apoiar as crianças na hora de fazer um teste com swab nasal. No vídeo tutorial, os especialistas dão dicas de como acalmar os pequenos antes e durante o procedimento. “Algumas crianças dizem que contar até três ou respirar fundo antes do teste faz com que se sintam mais relaxadas. Abraçar um bichinho de pelúcia ou um brinquedo também.”

Deu positivo… E agora?

Antes de tudo: calma! O teste positivo para covid-19 não precisa ser motivo de desespero, mas é preciso reforçar alguns cuidados. Caso venha a confirmação de que a própria criança está infectada, a primeira coisa a se fazer é avisar o pediatra. Só ele saberá dar as diretrizes para o tratamento da doença e indicar os protocolos necessários.

Caso a criança teste positivo para a covid-19…
A recomendação dos especialistas é manter o isolamento de 7 a 10 dias em casa e ficar sem ir para as aulas presenciais na escola. Se precisar sair para ir ao médico, por exemplo, é preciso sempre usar máscara. Evitar compartilhar itens de uso pessoal e higienizar as mãos com álcool em gel também é importante. Se puder usar máscara dentro de casa, melhor ainda.

O ideal é que todos que morem na casa também sejam testados para o vírus. Caso tenham sintomas, esperar 3 dias a partir do primeiro sinal. Caso se mantenham assintomáticos, é bom aguardar pelo menos 5 dias desde o último contato com a criança sem máscara.

Caso alguém da família teste positivo para COVID-19…
Aqui vale o que foi dito no começo da reportagem. Toda criança sintomática deve fazer o teste. Mas, se ela tiver contato com alguém que testou positivo e se mantiver assintomática, a recomendação é discutir a conduta com o pediatra de confiança.

Se pai, mãe, irmãos ou alguém que more na mesma casa testar positivo, o melhor é que a criança permaneça em casa, sem ir para escola até que acabe o período de isolamento da família. Todos da residência devem usar máscara, ter seus próprios itens de uso pessoal e usar álcool em gel, para evitar que se contaminem entre si.

“Em contatos esporádicos com alguém que testou positivo, tipo um encontro em uma festa, é bom observar como a criança se comporta. Se a família e o pediatra concordarem, vale fazer o teste mesmo se estiver assintomática. Não precisa deixar de ir para a escola, mas o ideal é usar máscara o tempo todo”, diz Ana Escobar.

Fontes: Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista, membro da Academia Americana de Pediatria (AAP); Ana Maria Escobar, professora de pediatria da Faculdade de Medicina da USP; Paulo Telles, pediatra (SP); Aline Scarabelli, infectologista e consultora médica do Labi Exames

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