Apesar das declarações formais do deputado federal Faviano Melo, na condição de presidente regional do MDB, de apoio à candidatura à Presidência pelo partido da senadora Simone Tebet, a pré-candidata da agremiação ao Governo do Acre, Mara Rocha, não vai seguir a orientação partidária e tampouco será fiel à executiva nacional.
O MDB nacional emitiu nota, da qual Flaviano Melo é signatário, criticando os diretórios regionais da sigla, os quais, com apoio de um governador, senadores e outros dirigentes da executiva vêm declarando apoio, já no primeiro turno da eleição, à candidatura petista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento também critica o flerte de alguns setores do partido com o governo e com a pré-candidatura de Jair Bolsonaro.
Em agenda em municípios do Vale do Juruá, no interior do Acre, por onde tem passado, Mara Rocha tem dito que continua fiel ao bolsonarismo e que não acatará a posição regional do MDB de apoio à Simone Tebet.
Eleita pelo PSDB e depois filiada ao PL antes de se mudar para o MDB, para ser indicada pré-candiata ao Govenro, Mara Rocha sempre se destacou como deputada federal na Câmara ligada ao bolsonarismo.
Ainda no PSDB, no ano passado, durante as prévias entre os então governadores Eduardo Leite (RS) e João Dória (SP) para escolha de um deles como candidato do PSDB à presidência da República, Mara Rocha foi impedida de votar na convenção por orientação do presidente regional do PSDB, Manuel Pedro Correia, o “Correinha”, pela acusação de ser mais bolsoanarista do que os filhos do presidente. Com o impedimento de participar do evento, mesmo já de saída do Partido, a deputada fez um escândalo no chamado “ninho tucano”.
Em entrevistas no Juruá, ela mantém a posição e não consegue explicar como se dará essa relação com a candidata presidencial de seu partido, principalmente porque, no Acre, em campanha, Jair Bolsonaro deve subir no palanque à reeleição do governador Gladson Cameli, que é apoiado por todos os partidos sobre os quais o presidente tem influência no Congresso Nacional – PP, PSDB, PL , União Brasil e Republicanos, por exemplo.
Mara Rocha também ainda não definiu quem e de onde virá o seu candidato a vice. Também espera pela candidatura da deputada Jéssica Sales ao Senado, a qual, ainda, espera manifestações de seus médicos para saber se pode ou não encarar uma campanha majoritária.
Mara Rocha, portanto, não está só no movimento de traição à Simone Tebet. Ela só destoa dos demais dissidentes em nível nacional em relação ao apoio a Bolsonaro e não a Lula. O pré-candidato petista recebeu o apoio de lideranças do MDB de 11 estados em reunião realizada no início da semana em São Paulo. Lá estavam representantes dos estados do Amazonas, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Paraíba, Alagoas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O grupo também afirmou o apoio do MDB a Lula no Pará e no Rio Grande do Norte.
Apesar de acordos já fechados nos estados entre os dois partidos, o apoio ao ex-presidente ocorre a despeito da pré-candidatura da emedebista Simone Tebet. O presidente do partido, no entanto, disse que a candidatura da senadora continua vigente, com apoio em todos os estados.
Mas o senador Eduardo Braga (AM) reforçou que a posição da ala está “tomada”. “Vamos acompanhar Lula no primeiro turno. Mas queremos conversar até o dia da convenção para poder ter uma posição nossa até o dia: podemos votar contra, não participar. Mas essa posição só será tomada após esse diálogo”, disse à rede de TV CNN.
Durante a reunião, o parlamentar disse que os representantes dos estados presentes estão comprometidos “com o projeto de Brasil que todos queremos. Com o fortalecimento da democracia, retomada do crescimento, emprego, renda, e da justiça social com o aspecto humanitário que esse país precisa para que possamos ter a solidariedade e o enfrentamento da fome”.
Além de Eduardo Braga, também estiveram presentes: os ex-senadores Edison Lobão (MDB-MA) e Eunício Oliveira (MDB-CE), os senadores Marcelo Castro (MDB-PI), Rose de Freitas (MDB-ES), Renan Calheiros (MDB-AL) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), os ex-deputados Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) e Leonardo Picciani (MDB-RJ) e o atual líder do MDB na Câmara Isnaldo Bulhões (MDB-AL).
Agora, a ala lulista do partido de Baleia Rossi busca o apoio do ex-presidente Michel Temer à candidatura do petista, tarefa considerada delicada já que Temer apoiou o golpe contra Dilma Rousseff (PT) e tomou o seu cargo em 2016.