O homem, de 41 anos, baleado pelo vizinho enquanto varria a calçada da casa do suspeito, passou mais de 24h consciente e orientado, mesmo com a bala alojada na cabeça. A vítima foi atingida às 9h18 de domingo (24) e permaneceu pelo menos as 24h seguintes com a bala alojada na cabeça. Não há informações se o projétil já foi retirado.
O crime ocorreu em Chapadão do Sul (MS), região norte do estado. A vítima enfrentou cerca de 331 km de estrada até a capital, onde permaneceu internado na Santa Casa até 13h dessa segunda-feira (25). Ele foi encaminhado posteriormente para um hospital particular da cidade, que não divulgou o boletim médico da vítima.
Mesmo com a bala alojada na cabeça, o homem permaneceu consciente e orientado após o crime. Ele chegou a trocar mensagens de texto com a polícia, detalhando o que houve nos momentos anteriores ao disparo.
O g1 consultou um médico neurocirurgião para entender como a vítima permaneceu acordada mesmo com a bala alojada na cabeça. Conforme o boletim da Santa Casa da capital, o projétil ficou alojado próximo à orelha direita do homem, que foi avaliado pela bucomaxilo, neurocirurgia e otorrino e não teve condutas médicas.
O neurocirurgião Diego Ramos explica que as condições de saúde posterior ao ferimento depende de onde a bala ficou alojada e do trajeto que o projétil fez.
Ele detalha que mesmo se o projétil atingir o crânio, a pessoa pode sobreviver, assim como se atingir uma parte específica do cérebro. “Se ele atravessou o cérebro, uma parte específica do cérebro, também pode sobreviver com sequelas ou não. Agora o que está mais relacionado a óbito são os ferimentos que são transfixantes, que atravessa de um lado do cérebro e cruza o outro. Os projéteis que estão na parte bem profunda e inferior do cérebro, esses são os projéteis que têm mais chances de óbito”, revela.
Câmera de segurança registrou o momento em que o crime ocorreu. Veja o vídeo abaixo:
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Consequências
Com relação à vítima mencionada nesta matéria, o cirurgião é categórico ao pontuar que somente com os exames e análises sobre o quadro clínico dela é possível dizer o que poderá ocorrer. Ainda assim, ele destaca que é muito recente para afirmar se o homem ficará com algum tipo de sequela ou não.
Caso o projétil tivesse entrado em contato com o tecido nervoso cerebral, as consequências dependeriam da região afetada. Conforme apurado pela reportagem, a vítima não corre risco de vida.
“No cérebro existem as partes que a gente chama de eloquentes, que são essas áreas mais importantes, responsáveis pelas principais funções cerebrais, e as áreas não eloquentes, que têm algum grau de funcionamento, mas não são tão evidentes. Então saber o grau de sequela só o tempo que vai falar”, esclarece o neurocirurgião.
Tempo de atendimento
Diego Ramos destaca que em qualquer tipo de lesão que afete o crânio o tempo de atendimento é crucial para uma boa evolução do caso.
Já com ferimentos na face, o procedimento pode ser diferente. “Esse paciente, como está dizendo o boletim, pegou na face, então foi avaliado pela neurocirurgia, não teve conduta, daí pode ser porque ele já tenha uma lesão cerebral, que não seja cirúrgica, ou pode ser porque eventualmente nem machucou o cérebro”, comenta Ramos.