Durante boa parte da carreira, Mo afirmava ter chego ao país britânico como refugiado, junto de seus familiares. Nas declarações que deu para o documentário, no entanto, a versão apresentada é diferente. O atleta revelou que nasceu na cidade de Somaililand, no norte da Somália, como o nome de Hussein Abdi Kahin, e que seus pais nunca estiveram em solo britânico.
Ele explica que após a morte de seu pai, foi levado para o Reino Unido aos nove anos por uma mulher que o apresentava com o nome de Mohamed Farah. De início, achava que encontraria alguns familiares, mas acabou sendo colocado na condição de servidão doméstica.
“Eu tinha todos os detalhes de contato dos meus parentes e, assim que chegamos na casa dela, a mulher tirou de mim. Bem na minha frente, rasgou e colocou na lixeira. Naquele momento, eu sabia que estava com problemas”, contou Mo.
Ele revela quais trabalhos domésticos precisou realizar para conseguir se alimentar e quais ameaças sofreu.
“Se eu quisesse comida na minha boca, meu trabalho era tomar conta daquelas crianças, dar banho, cozinhar, limpar. Ela disse ‘Se você quiser ver sua família de novo, não fala nada. Se você falar alguma coisa, eles vão te levar’”, detalhou.
O atleta só teria conseguido se libertar da situação depois de contar sua história para um professor de educação física, que procurou as medidas legais. Mo Farah acabou ficando sob os cuidados da mãe de um amigo e no ano de 2000 conquistou sua cidadania britânica.
Com o nome de The Real Mo Farah (O Mo Farah real, em português), o documentário vai ao ar nesta quarta. O atleta possui quatro ouros olímpicos conquistados nas provas de 5 mil e 10 mil metros nas Olimpíadas de Londres-2012 e Rio-2016. Por conta de seus resultados esportivos, foi nomeado em 2017 como cavaleiro da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II.