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Pimenta no Reino: o futuro de Jenilson Leite nas eleições deste ano

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

deputado Jenilson Leite

Jenilson Leite/Foto: Jardy Lopes

Caminhada

Pré-candidato ao Governo do Acre, o deputado estadual Jenilson Leite (PSB) é uma daquelas raras novidades que surge na política acreana. Jovem, médico, nascido e criado em Tarauacá e deputado estadual de segundo mandato, colocou seu nome a disposição do povo acreano para a disputa majoritária ainda no ano passado. Foi um dos primeiros a dizer em claro e bom tom o que queria disputar.

Centro

Jenilson tem uma longa história de militância nas esquerdas. É formado em medicina em Cuba, tem parte importante da família filiada ao PCdoB e foi eleito e reeleito deputado estadual também pelo PCdoB. Em 2019, trocou o partido comunista pelo socialista. A ida de Jenilson para o PSB, partido dos saudosos Miguel Arraes e Eduardo Campos, foi uma mensagem de que estava indo mais para o centro no que tange ao espectro ideólogico. Uma estratégia para se afastar do antipetismo, que também atingiu fortemente o PCdoB e nem tanto o PSB.

Montanha russa

Até aqui, Jenilson já passou por altos e baixos na sua tentativa de viabilizar sua candidatura ao Governo. Caminhou sozinho por um longo período, depois viu o PT e sua federação (PT, PCdoB e PV) se aproximarem e estavam prestes a anunciarem uma aliança, que tendia para Jenilson na disputa pelo Governo e Jorge Viana (PT) na disputa pelo Senado.

Cavalo de pau

A guinada de 180 graus (já que em uma guinada de 360 graus, você volta ao mesmo lugar), um verdadeiro cavalo de pau, aconteceu na semana passada, quando o ex-senador Jorge Viana (PT) começou a deixar nas entrelinhas que o PT poderia ter candidatos ao Governo e Senado. As declarações foram um verdadeiro balde da água fria em Jenilson, que se viu sozinho novamente na luta pelo Governo.

Firme e forte

O deputado, no entanto, tem seguido firme no seu próposito de ser governador. Até aqui, não tem dado sinais de recuo. Deu um prazo ao PT para que decidisse sua vida e não atrapalhasse a dele.

Convenções

As convenções estão chegando, vão ocorrer entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, e até lá Jenilson tem que dar uma resposta definitiva do sobre seu futuro.

Alternativas

Com as tratativas com o PT ‘empacadas’, Jenilson tem algumas alternativas para seguir com seu grupo nestas eleições. A principal possibilidade, ao que me parece, continua sendo insistir em uma aliança com o PT, já que nacionalmente os partidos estão alinhados e apresentaram os nomes do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), para uma chapa presidencial. Na teoria, é o melhor caminho para Jenilson.

Multiverso

Assim como em um dos últimos sucessos de bilheteria da Marvel, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, o pré-candidato socialista pode viver versões alternativas de alianças, caso opte por sair da ‘caixinha’ de um acordo com o PT.

Puro sangue

A primeira opção que surge para Leite é montar uma chapa majoritária puro sangue. Com ele vindo para o Governo e outro quadro do partido para o Senado. Vale lembrar que o partido tem em suas fileiras nomes como o do ex-vice-governador César Messias e o do médico Thor Dantas. Essa, porém, é umas das alternativas menos prováveis pela viabilidade eleitoral e financeira do PSB caminhar sozinho.

PSD/MDB/PSOL

Outra possibilidade para o PSB é colocar o partido em uma aliança com outros partidos que já tem nomes apresentados para a disputa majoritária. O partido do senador Sérgio Petecão, o PSD, seria o mais difícil de se aliançar, pois já está com a chapa majoritária toda montada: governo, vice e senado. O MDB apresentou os nomes de Mara Rocha para o Governo e Jéssica Sales para o Senado. Aqui ainda resta a vaga de vice. O que dificulta essa aliança é o alinhamento de Mara ao presidente Bolsonaro (PL), ou seja, vai contra tudo que Jenilson prega na política. Se juntar com o PSOL é também uma possibilidade que se desenha, já que os partidos estão alinhados nacionalmente no arco da aliança de apoio ao ex-presidente Lula. O Psol, no entanto, também apresentou nomes para o Senado e Governo, logo, teria que haver uma negociação delicada para perpetuar uma aliança.

Descer

A última opção para Jenilson seria ‘descer’ da disputa majoritária para a disputa proporcional. Se optar por disputar uma vaga de deputado federal, tem chances de ser o mais votado dessas eleições. Historicamente, o povo brasileiro tem dado boas votações a políticos que levaram uma ‘rasteira’ no processo de construção política, como uma espécie de compensação. E é o caso de Jenilson. E caso saia dessa eleição com uma votação expressiva, se gabarita para qualquer disputa majoritária futura, com ou sem a ajuda do PT.

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