Na luta por espaço na mente e no coração do eleitor com vistas às próximas eleições, para alguns candidatos, vale tudo – até trocar de nome ou adotar apelidos jocosos ou esdrúxulos. Outros candidatos apostam, em primeiro lugar, na profissão ou na patente, no caso dos militares, antes do próprio nome.
Caso de certo Cabo Daciolo, que disputou a presidência da República em 2018 e fez escola para outros militares, inclusive mais graduados do que ele, na adoção da patente. Caso também de Major Rocha, o atual vice-governador do Acre que vai para mais uma disputa, agora à Câmara Federal, usando a identidade militar, como se ainda estivesse na ativa.
Delegados, médicos e advogados, em disputa para a Assembleia Legislativa, também apelam para a atividade profissional, caso dos delegados Robert Alencar, Judson e Carla Brito. A vereadora e médica Michele Santiago, candidata a deputada estadual pelo PDT, é uma das muitas que apelam para o título de doutora, assim como o deputado estadual Jenilson Leite, médico que concorre ao Senado pelo PSB como o nome de “Dr. Jenilson”.
No Acre, nas disputas de cargos majoritários, Governo e Senado, a maioria dos candidatos não adotou apelidos – a exceção fica por conta do candidato ao governo pelo PSD, o senador Sergio Oliveira, que registrou o apelido de infância, “Petecão”. Seu vice também adotou o nome e apelido do pai já falecido, o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, João Tota. Na disputa para Câmara Federal, apenas o vice-governador Wherles Fernandes da Rocha usa a identidade dos tempos de caserna.
Mas é na disputa das 24 vagas para a Assembleia Legislativa que os postulantes exibem toda a criatividade na esperança de serem lembrados pelo eleitor na cabine de votação. Essa é a forma que eles encontram para serem lembrados, principalmente quando os eleitores desconhecem o nome civil ou até mesmo o número do candidato.
Mas nem tudo vale. Apelidos que agridem o eleitorado são proibidos. A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) estabelece as regras que devem ser aplicadas pela Justiça Eleitoral quando os candidatos apresentam o nome que desejam que apareça na urna eletrônica.
O artigo 12 da norma determina que esse nome deve ser indicado no pedido de registro de candidatura. Podem ser apresentadas três opções de nome, entre prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual o político é mais conhecido na região em que atua.
O dispositivo esclarece que o nome escolhido não pode gerar dúvida quanto à identidade do candidato, tampouco atentar contra o pudor, ser ridículo ou irreverente. O parágrafo 2º do artigo 12 determina que a Justiça Eleitoral poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por determinada opção de nome por ele indicado quando seu uso puder confundir o eleitor.
Se dois candidatos quiserem usar o mesmo nome na urna, ganha quem tiver feito o requerimento de registro de candidatura primeiro. Se um político que já foi eleito usando um apelido concorrer em uma nova eleição com o mesmo nome, é dele a preferência.
Na lista de candidatos iniciada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para análise da Justiça Eleitoral, que tem prazo esta semana para definir se aceita ou não os nomes e os apelidos, há casos engraçados como o do candidato que se apresenta como “Bebê Bolsonaro”, nome do pintor Vilandro de Castro Soares, candidato à Assembleia pelo PP. “Sou conhecido entre meus amigos como Bebê e como sou fã do Bolsonaro, eu adotei o Bebê Bolsonaro”, justifica.
Ainda no PP o eleitor tem também a opção de votar na “Branca do Liberdade”, nome de Maria Renilda Santaba da Costa. No DC (Democracia Cristã), o eleitor vai se reencontrar com o ex-vereador Manuel Valdir Teixeira de Souza, o “Cabide”, que disputa vaga para a Assembleia.
Ou, se preferir, também no DC, poderá votar no “Ceará da Carne de Sol”, nome do candidato Raimundo Nonato Ferreira. No MDB, há o “Chico do Esporte”, nome do candidato Manuel Francisco Pinto de Lima, ou o “Chico do Oder”, nome de Francisco Vanderlei Costa do Nascimento, da Federação PSOl/Rede Sustentabilidade.
Há também os que juntam dois nomes para formar um apelido diferente. É o caso do candidato “Chicarlos”, Francisco Carlos de Oliveira de Lima, do Pros. Ou os que vão buscar os apelidos de infância para serem identificados pelo eleitor, como é o caso do atual deputado Daniel Queiroz de Santana, candidato à reeleição pela Federação PT/PV/PCdoB.
Ele adotou o apelido “Zen”, da época em que era músico em bandas de rock da cidade. Outro que foi buscar o apelido de infância foi o ex-vereador Claudionor Magalhães, que disputa vaga na Assembleia pelo patriotas com o apelido de “Peninha”.
Há os que adotam também a atividade com que ganham a vida. É o caso do “André da Droga Vale”, nome de André Roberto Rogério Vale dos Santos, candidato a deputado estadual pelo Podemos. Caso também da “Branca do Liberdade”, nome de Maria Renbilda Santa da Costa, também do PP.
O eleitor poderá dispor também da “Duda da Praia da Amizade”, nome da candidata Maria de Jesus Bezerra do Nascimento, que disputa vaga na Assembleia na Federação encabeçada pelo PT. Há ainda os candidatos que que ressaltam uma característica física. Caso do “Bigode”, nome do candidato do PP Raimundo Sales da Silva.
Há casos também em que o candidato ou candidata despreza o próprio nome para adotar um outro. É o exemplo da candidata “Denyns”, do PSOL, cujo nome verdadeiro é Maria Sirlene Alves de Magalhães.
Com títulos, patentes, atividades ou referência profissional, além dos apelidos, eles estão aí e passarão a desfilar no horário eleitoral gratuito na TV e no rádio já nos próximos dias. Nomes e apelidos para todos os gostos.