Após denunciar à empresa que havia sido dopada e estuprada por um farmacêutico com quem trabalhava, em um estabelecimento no Guará I, uma jovem, de 20 anos, enviou um áudio desesperado para a mãe.
Ao delatar o caso à chefia direta, a moça foi demitida, com justa causa, por supostamente “manter relações sexuais com um colega de trabalho”.
A mensagem, a qual o Metrópoles teve acesso (ouça abaixo) foi encaminhada pela vítima minutos depois de ela ser desligada da vaga de operadora de caixa.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu investigação para apurar o estupro cometido por um casal contra uma jovem de 20 anos. O caso ocorreu em uma casa, em Taguatinga, onde vive um farmacêutico com a namorada. A vítima bebia com os autores em um bar. Em determinado momento, quando estava sob o efeito de álcool, foi levada para a residência e abusada enquanto estava inconsciente.
Aos prantos, a vítima relata à mãe, por meio da mensagem de áudio, que havia sido estuprada mandada embora pelos chefes, ao denunciar o crime. “Fui estuprada e abusada por aquele filho da p***. E eu fui dispensada após ser abusada. Ele ainda vai trabalhar lá, enquanto eu fui dispensada. Que desgraça a minha vida”, lamentou.
Ouça a mensagem da vítima:
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O caso
A jovem procurou a polícia em 11 de agosto e passou por exames no Instituto Médico Legal (IML). De acordo com a mulher, ela trabalhava em uma farmácia, no Guará I, como operadora de caixa e conheceu o agressor no ambiente de trabalho. “Eu trabalhava nesse estabelecimento havia um mês e fui convidada por esse homem duas vezes para sair e beber em um bar, sempre na companhia da namorada dele”, contou.
Segundo a jovem, as conversas com o homem eram sempre muito agradáveis e nunca teria sido mencionado o assunto relacionado a sexo a três, swing ou qualquer coisa do tipo. Ela chegou a convidar um amigo para ir ao bar junto com eles, mas o rapaz desistiu de última hora. “Não vi problema e fomos de carro do Guará para Taguatinga. Ao longo de todo o trajeto, a conversa foi normal, sem qualquer pretensão”, disse.
Tequila
No bar, os três tomaram cerveja e duas doses de tequila. Ao final, a mulher contou ter ficado grogue, sonolenta e com a fala desconexa. “Quando me senti estranha, pedi para eles me levarem para casa, mas esse homem disse que passaria em casa primeiro e depois me deixaria”, relatou.
No entanto, quando chegou na casa do agressor, a mulher lembra ter tido dificuldades para andar. Ela conta que precisou se escorar pelas paredes de um corredor até entrar em um dos três quartos. No local, ela apagou.
“Quando acordei estava sem a parte debaixo da minha roupa e aquele homem estava nu. Ainda percebi respingos de sangue sobre o lençol. Fiquei com tanto medo que segurei as lágrimas e fingi que tudo estava bem. Minha vontade era apesar sair de lá o mais rápido possível.”, desabafou.
A jovem contou que o farmacêutico começou a beijar enquanto namorada dele o acariciava. “Ele ainda tentou passar a mão nas minhas costas mas me esquivei. A namorada dele percebeu e falou para que ele me deixasse em casa. Foi um desespero, pois queria chorar e tinha medo de ser novamente violentada”, lembrou.
Demissão
Assustada, a jovem contou sobre o estupro para a família e foi aconselhada a relatar aos chefes que o farmacêutico havia abusado sexualmente dela. “Fui demitida do meu emprego por, supostamente, ‘ter mantido relações sexuais’ com um colega de trabalho. Eu fui estuprada. Sofri violência e estou sofrendo todas as consequências físicas e psicológicas decorrentes dessa violência”, disse.
O caso foi registrado na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), que investiga o caso.
* Os nomes dos envolvidos foram preservados para assegurar a integridade da vítima.