Há seis jogos que o líder Palmeiras e o novo vice-líder Flamengo só vencem no Brasileirão. Encerrada a 22ª rodada, as chances de o Palmeiras ser campeão subiram de 65% para 73%, e as do Flamengo, de 9% para 13%. As duas equipes se enfrentam no próximo domingo, no Allianz Parque.
Após a derrota em casa no clássico contra o líder e arquirrival, as chances de o Corinthians ser campeão brasileiro neste ano caíram de 3,7% para 1%, assim como ao perder para o Internacional, o Fluminense viu suas chances baixarem em uma rodada de 10,3% para 4,9%, enquanto o potencial de o Inter ficar com o título subiu de 1,2% para 1,9%. Derrotado pelo Flamengo, o Athletico-PR teve suas probabilidades de título reduzidas de 5,4% para 2%.
A cada rodada, a disputa fica mais centrada em Palmeiras e Flamengo, e como a dupla vem em uma incrível série de triunfos, um concorrente pode ver suas chances diminuírem mesmo vencendo.
Foi o que ocorreu com o Atlético-MG, que superou o Coritiba, mas viu suas chances de título caírem de 4,5% após a rodada passada para 4,3% agora. Isso porque a cada rodada que passa, há menos jogos e pontos a disputar, o que diminui a margem para os times tirarem do Palmeiras a liderança da classificação.
Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 89.135 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.639 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente.
Os dados servem de parâmetro para calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Chances de título no Brasileirão
Clube | Chances |
Palmeiras | 72,6% |
Flamengo | 13,0% |
Fluminense | 4,9% |
Atlético-MG | 4,3% |
Athletico-PR | 2,0% |
Internacional | 1,9% |
Corinthians | 1,0% |
São Paulo | 0,1% |
Bragantino | 0,1% |
Santos | 0,1% |
Apesar de atualmente ser o terceiro colocado na classificação do Brasileirão, o Corinthians tem potencial estatístico de título menor do que o Fluminense e outros concorrentes por alguns motivos. Por exemplo: nos três jogos do returno, o Corinthians teve média de 14,3 finalizações por partida, mas precisou de 21,5 finalizações para fazer um gol.
Sua eficiência ofensiva vem caindo, enquanto o Fluminense fez um gol a cada 9,7 tentativas, o Athletico-PR, a cada 6,0, e o Internacional, um gol a cada 5,2 conclusões. A classificação do campeonato mostra o que o time fez no passado, a eficiência recente indica qual o potencial futuro.
Libertadores
Se as chances de título hoje estão muito concentradas no Palmeiras, com o Flamengo se desdobrando para manter as esperanças, as chances de classificação para a Libertadores 2023 estão abertas a mais candidatos. Para as quatro vagas diretas à fase de grupos, 11 equipes têm mais de 1% de chances.
Quando consideradas também as duas vagas extras para as fases seletivas, há 14 equipes com mais de 1% de chances de ir para a Libertadores.
Mesmo o Fortaleza, que acaba de deixar a zona do rebaixamento e é forte candidato para se tornar a primeira equipe a permanecer na Série A depois de terminar o primeiro turno na última colocação, hoje tem 1,5% de chance de ficar com uma dessas vagas, percentual que crescerá se o Fortaleza mantiver o embalo atual: a equipe só perdeu um dos últimos sete jogos, com quatro vitórias e dois empates.
É assim que funciona: as chances refletem o momento atual, crescem se a campanha melhora e diminuem se os resultados são ruins. Variam a cada jogo realizado.
Chances de ir para a Libertadores
Clube | Chances de G4 | Chances de G6 |
Palmeiras | 98,3% | 99,8% |
Flamengo | 73,3% | 90,4% |
Fluminense | 57,0% | 81,5% |
Atlético-MG | 52,5% | 78,9% |
Athletico-PR | 38,5% | 66,7% |
Internacional | 34,4% | 63,5% |
Corinthians | 27,4% | 55,3% |
São Paulo | 6,1% | 19,1% |
Bragantino | 5,5% | 17,2% |
Santos | 4,3% | 14,2% |
América-MG | 1,8% | 7,2% |
Ceará | 0,3% | 2,0% |
Fortaleza | 0,3% | 1,5% |
Botafogo | 0,2% | 1,2% |
Goiás | 0,1% | 0,6% |
Cuiabá | 0 | 0,4% |
Atlético-GO | 0 | 0,2% |
Avaí | 0 | 0,1% |
Coritiba | 0 | 0,1% |
Juventude | 0 | 0 |
Permanência na Série A
Pelo que vêm produzindo ataques e defesas de cada equipe, nove times estão com maior dificuldade para permanecer na Série A em 2023. Juventude, Coritiba, Atlético-GO e Avaí são os que hoje têm menores chances de seguir na elite.
Mas o Atlético-GO é um caso à parte, já que as campanhas na Copa do Brasil e na Sul-Americana indicam que a equipe tem potencial muito maior do que vem mostrando até aqui no Brasileirão. Assim como vem ocorrendo com o Fortaleza, é de se esperar que o Atlético-GO tenha melhores resultados quando deixar de disputar três competições paralelamente e estiver mais focado no Campeonato Brasileiro, já que hoje tem mais chances de título nas copas do que nos pontos corridos.
De novo: o potencial futuro é calculado a partir dos desempenhos defensivo e defensivo apresentados no Brasileirão, onde o Atlético-GO está mal, embora demonstre em outras competições a capacidade necessária para evoluir.
Chances de permanecer na Série A
Clube | Permanência na Série A |
Palmeiras | 100% |
Flamengo | 99,9% |
Fluminense | 99,9% |
Atlético-MG | 99,9% |
Athletico-PR | 99,9% |
Internacional | 99,9% |
Corinthians | 99,9% |
São Paulo | 98,3% |
Bragantino | 98,2% |
Santos | 97,6% |
América-MG | 94,1% |
Botafogo | 76,1% |
Fortaleza | 67,7% |
Ceará | 67,1% |
Goiás | 66,6% |
Cuiabá | 62,2% |
Avaí | 56,6% |
Atlético-GO | 47,5% |
Coritiba | 43,3% |
Juventude | 8,1% |
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 89.135 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.639 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti.