Conheça a história do acreano que tatuou ‘ouvido biônico’ em apoio à filha que era surda

“A reação dela ao ouvir minha voz pela primeira vez foi emocionante”. É assim que relata o professor Marivaldo de Paula, de 39 anos, pai de Ana Cristina, que nasceu surda, mas teve sua realidade mudada em 2014, quando tinha cinco anos de idade, por meio de um implante coclear, conhecido popularmente como ouvido biônico, que permitiu que a criança pudesse enfim ouvir os sons.

Marivaldo conta que percebeu que a filha não ouvia quando ela tinha cerca de dois anos e meio e começou uma batalha para encontrar uma solução para o problema. Foi quando ele descobriu a existência do implante coclear.

Marivaldo e a filha, Ana, hoje com 13 anos/Foto: arquivo pessoal

“Eu tive contato com essa tecnologia e conheci como ‘ouvido biônico’.  Um amigo meu, surdo, que mora em São Paulo e tem o implante, me ligou e eu não acreditei que ele podia me ouvir perfeitamente e falar comigo usando essa tecnologia. Fiquei encantado e foi aí que iniciei uma verdadeira corrida em busca dessa tecnologia”, explica.

Não foi fácil e nem rápido. “Eu inscrevi ela numa lista de espera em um hospital de Campinas (SP) e, quando ela finalmente foi chamada, eu fiz rifas e muita coisa para que conseguíssemos ir para lá. Mas teve o preconceito, as pessoas diziam que eu ia mutilar a minha filha colocando o implante, mas tudo o que fiz foi para que ela pudesse ouvir. Foram muitas viagens, exames e noites sem dormir que valeram a penas no final”, conta Marivaldo.

Já faz mais de 8 anos do implante, mas o pai afirma que até hoje se emociona com a reação de Ana, que hoje já tem 13 anos, ao ouvi-lo pela primeira vez. Para provar o seu amor, ele decidiu homenagear a pequena, mas mais do que isso, quis mostrar que ela não estava, e jamais vai estar só. Ele tatuou na cabeça, acima do ouvido esquerdo um implante coclear, igual ao da filha.

“A ideia da tatuagem foi para que ela não se sentisse estranha, porque poucas crianças utilizam essa tecnologia, que não é tão acessível, mas que garças a Deus deu à minha filha a possibilidade de ouvir. Hoje ela interage e brinca com todas as crianças, surdas ou não. A experiência de vê-la ouvir foi a coisa mais gratificante da vida e eu vou sempre lutar por ela, eu sou o maior incentivador dela”.

Marivaldo junto com Ana e seus dois irmãos/Foto: arquivo pessoal

Além de Ana,  Marivaldo tem outros dois filhos e a cada Dia dos Pais se diz mais realizado com a paternidade.

“Eu não tive pai, e sempre tive o sonho de ter um filho e hoje tenho três e me sinto extremamente realizado por conseguir ter eles comigo, educá-los e prepará-los para a vida”, afirma.

O implante coclear, popularmente conhecido como ouvido biônico, é um dispositivo implantável de alta complexidade tecnológica, que é utilizado para restaurar a função da audição nos pacientes portadores de deficiência auditiva profunda que não se beneficiam do uso de aparelhos auditivos convencionais.

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