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Primeira coronel trans do Brasil lança livro com dicas sobre transição

Por METRÓPOLES

Reprodução

Primeira coronel transexual da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Maria Antônia (foto em destaque), 60 anos, lançou o primeiro livro, no final de julho, contando sua história como mulher trans. Na obra, ela dá orientações sobre transição de gênero, detalhes sobre cirurgias, e ainda aborda a relação de médicos com pacientes LGBTQIA+.

A tenente-coronel aposentada da PMDF é a primeira da corporação e a única do país a chegar a tal patente. O livro do título “Memórias da Primeira Coronel Trans do Brasil” está disponível em plataformas digitais, para Android (Google Play) e iOS (Books).

“O que apresenta lá na plataforma é que está em terceiro lugar dos lançamentos no Google Play. Está tomando uma dimensão que não imaginei”, comemora.

Ela relata que a ideia de escrever um livro começou após conversas com pessoas que pediam que ela contasse sua história. “No meu Instagram eu falo bastante sobre a transição e pessoas que estavam interessadas começaram a manter contato. Vi que muitas precisavam de mais informação sobre o assunto”, revela.

“Mas o livro não se limita a isso. Começa com uma biografia e depois passa por temas que muitas vezes as pessoas não gostam de falar/ouvir, como, por exemplo, a questão com a religião. Já estudei diferentes versões da Bíblia e fiz todo um caminho de estudos, então tem esse contexto teológico também”, pontua.

De acordo com Maria Antônia, a ideia é levar informação sobre assuntos relacionados à transexualidade não só para pessoas LGBTQIA+. “É destinado também para amigos, tios, mães, pais, irmãos, filhos de pessoas LGBT. É uma mensagem com um convite para a abertura da mente, para que todos tenham uma visão que enxergue o próximo”, destaca.

Na reserva remunerada desde fevereiro de 2006, a oficial mora em um sítio no interior do Rio Grande do Sul. Maria Antônia passou por uma intensa transformação e uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos quatro anos, logo após deixar a Polícia Militar.

Em outubro deste ano ela fará a cirurgia de redesignação sexual, que prefere chamar de “cirurgia de afirmação de identidade de gênero”. No entanto, ressalta: “Não é preciso essa intervenção cirúrgica para uma pessoa ser transgênere”.

“A transição é um processo. Cada pessoa trans tem um ritmo próprio, uma realidade própria e isso tem que ser respeitado”, reforça.

Veja fotos de Maria Antônia:

Transição segura

Maria Antônia relatou ter mergulhado em um processo conhecido como transição segura, logo após fechar seu tempo de serviço na PMDF. “Fiz o melhor que eu pude, da melhor forma possível. Todos os papéis que a vida impôs eu segui. Quando tudo terminou e fui para a reserva, sobrou um tempo para mim”, relatou.

Uma das primeiras ações da oficial foi conversar, separadamente, com seus dois filhos, uma mulher de 27 anos e um homem de 29. “Eu sempre criei os meus filhos para transmitir conhecimento puro, sem preconceitos, sem vertente ideológica. São alegres, livres, felizes e sem preconceito algum. Quando conversei com eles até me emocionei. As únicas perguntas que fizeram era se eu tinha certeza e se eu estava feliz”, lembrou.

O processo de transição segura envolve a participação de vários profissionais e tratamentos, como acompanhamento psicológico e idas ao cirurgião para ser traçado um planejamento cirúrgico.

Além disso, a coronel passou por um processo de rejuvenescimento facial que envolve diversos procedimentos. “Fiz pelo menos oito cirurgias relacionadas a feminização facial. No entanto, é preciso frisar que pessoa trans não é definida pela quantidade de cirurgias, mas por sua essência, exatamente pela própria identidade de gênero que ela se reconhece”, ressaltou.

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