Em sua participação no podcast ‘Quem Pode, Pod’, apresentado por Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, Taís Araújo falou sobre a sua fama de metida. A atriz revelou teve que mudar o seu comportamento, ainda na adolescência, para lidar com os comentários racistas.
“Eu escuto isso desde sempre. E, na minha infância e na adolescência, fatalmente eu tive que levantar meu nariz, senão eu seria atropelada. Eu fui criada em um ambiente muito de branco, de elite, então se eu não me impusesse eu ia ser atropelada por todo mundo e eu não queria ser atropelada por ninguém”, começou dizendo a atriz.
Sem citar nomes, Taís Araújo relembrou um comentário racista feito por um ator da Globo, com quem gravava uma cena. “Tinha uma questão de postura mesmo e do olho do outro. Uma vez, um ator, falou assim: ‘Engraçado, eu não conheço nenhum negro bem-sucedido que não seja prepotente e arrogante’”, contou a atriz que, em seguida, contou a sua resposta.
“Aí eu virei e falei pra ele: ‘Será que é você que não está acostumado a ver negros em lugares de poder e só entende negro em lugar de subserviência? Se não estiver em lugar de subserviência, se não estiver subserviente a você, você acha que é prepotência? Será que não é o seu olhar que tá acostumado?’”, disse a artista, que ainda revelou que o ator ficou sem resposta. “Eu lembro muito bem, eu tava dentro do carro, trancada com ele, gravando uma cena”, completou.
Ainda durante o papo, Taís Araújo explicou que não é de brigar, mas que impõe limites imediatamente quando se sente desrespeitada por alguém. “Se eu não boto limites quando eu acho que a pessoa está me atravessando, eu adoeço. Mesmo. E as pessoas têm a tendência de atravessar a gente. Todos nós. Então, se eu acho que tô sendo desrepeitada, eu boto limites na hora. Eu sou sagitariana, absolutamente direta, eu não vou brigar com você, eu tenho pouquíssimas histórias de brigas, mas tenho muitas de impor limites. Aí se a pessoa fica put*nha comigo e para de falar comigo, aí é problema dela”, falou.
Taís ainda completou: “Mas eu acho que é difícil pra sociedade, sim, encarar. Encarar uma população que foi sequestrada, escravizada e olhar pra ela no mesmo nível que você e responder pra você no mesmo nível. Tipo ‘não, você é inferior a mim, tem que concordar com tudo que eu falo, dizer amém pra mim, você não pode levantar a voz’, isso é algo que tá na pele do brasileiro”, concluiu.