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Varíola dos macacos e academia de musculação: veja se é possível pegar a doença

Por GE

Foto: Istock Getty Images

A varíola dos macacos, nome pelo qual a Monkeypox ficou popularmente conhecida, é uma doença viral transmitida pelo contato com o indivíduo infectado, por gotículas ou ainda através do contato com material corporal humano que contenha o vírus.

Decretada como uma emergência de saúde pública global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 23 de julho de 2022, a doença tem sido mais um motivo de preocupação em meio à pandemia de Covid-19.

Depois de todos os aprendizados durante a crise sanitária mundial causada pela Covid-19, surgem algumas dúvidas em relação à transmissão da varíola dos macacos através do compartilhamento de objetos com pessoas contaminadas, especialmente em locais públicos como academias de ginástica. Afinal, posso pegar varíola dos macacos na academia de musculação?

O médico infectologista Alexandre Naime Barbosa informa que sim, a transmissão da varíola dos macacos é possível em academias, especialmente pelo compartilhamento de colchonetes, toalhas e aparelhos com pessoas com lesões de pele da doença. Mas a higienização correta dos aparelhos após o uso por cada pessoa reduz enormemente a possibilidade de contágio.

– A forma mais comum de transmissão é pele com pele, o que pode acontecer em esportes de contato prolongado como o judô ou a luta greco-romana. Mas mesmo em esportes de contato mais rápido, como futebol ou basquete, poderia acontecer, embora seja menos provável. Mas existe também a possiblidade de transmissão por contato por superfície. Vamos imaginar que o sujeito tenha lesões nas costas e use um colchonete para uma série de abdominais ou outro exercício. Ou que tenha lesões nas nádegas e use uma bicicleta por 45 minutos em uma aula de spinning. E que em seguida o colchonete ou a bicicleta seja usado por outra pessoa, sem ser higienizado. Há, sim, possibilidade de contágio nesses casos, embora menor, menos provável do que pele a pele – explica Alexandre.

O médico ressalta que mesmo que a pessoa esteja com blusa tapando as feridas das costas – e ela certamente estará com um short, bermuda ou calça por sobre as das nádegas – há possibilidade de transmissão, especialmente se estiver na fase de bolha ou ferida das pústulas típicas da doença, quando há líquido nas lesões, que podem passar pelo tecido. Essas lesões de pele se dividem em cinco fases, todas elas transmissíveis:

  1. Vermelhidão em pontos da pele;
  2. Placa;
  3. Bolha – Quando a placa se enche de líquido;
  4. Ferida – Quando a bolha estoura;
  5. Crosta – Quando a ferida cria uma casquinha.

Esse processo dura de três a quatro semanas, e é acompanhado por outros sintomas, como febre, dor de cabeça e dores no corpo. Durante esse período a pessoa deve ficar em isolamento, para não transmitir.

– Se a pessoa vai à academia durante esse período, há duas possibilidades: a primeira é que ela não sabe que tem a doença, e a segunda é que sabe, mas não está cumprindo o isolamento. Então é muito importante que se procure um médico ao ver lesões na pele, para descartar a monkeypox. E que se faça o isolamento, em caso da doença – explica o médico, lembrando ainda que há possibilidade de transmissão pelo compartilhamento de luvas de boxe ou de caneleiras, por exemplo, sem que haja a devida limpeza da parte interna.

Outra medida importante deve partir das academias: manter a higienização com álcool 70 de todos os aparelhos após o uso por cada pessoa. Como ensina o médico, isso evita não só a varíola dos macacos e a covid-19, como a transmissão de uma série de outros vírus, bactérias e fungos. Tomando essas medidas, a contaminação em academias é improvável.

Higienização de equipamentos após cada uso na academia é importante forma de prevenção da varíola dos macacos — Foto: Istock Getty Images

Higienização de equipamentos após cada uso na academia é importante forma de prevenção da varíola dos macacos — Foto: Istock Getty Images

Uma outra forma de transmissão da monkeypox é pelo ar, por gotículas, como nos casos da covid-19, o que seria evitado pelo uso de máscaras. No entanto, a transmissão pela pele segue sendo a mais importante no caso da varíola dos macacos. E pelo ar, há necessidade de muita aglomeração e proximidade.

– A transmissão por gotículas também existe, mas não é tão transmissível quanto a Covid-19. Ela (varíola dos macacos) pede um contato mais próximo e prolongado para a transmissão por gotículas – comenta a médica infectologista Claudia Mello, que comenta sobre as chances de contágio numa academia de musculação e ginástica. – Esse tipo de transmissão é mais conhecido em pessoas convivendo no mesmo domicílio ou em ambiente hospitalar, onde a carga de partículas potencialmente infectantes no ar é bem maior do que, por exemplo, em uma academia. Até o momento, aparentemente temos mais transmissões relacionadas ao contato íntimo (convívio domiciliar).

O contágio, portanto, é mais comum entre pessoas de mesmo domicílio e parceiros sexuais, pois embora a monkeypox não seja considerada uma doença sexualmente transmissível, o contato de pele durante o sexo é um vetor importante. Mas há casos de contaminações em locais públicos, em que o tempo de permanência no local pode ser um fator importante na transmissão da doença:

– Temos conhecimento de alguns casos em que o provável local de infecção foram bares, mas entende-se, nesse caso, um contato mais próximo e prolongado das pessoas em bares do que em academias ou outros ambientes – comenta a médica: – Ao pensarmos na prevenção da doença na academia, uma das coisas mais importantes é orientar as pessoas em focar na investigação dos (casos) sintomáticos e, caso a pessoa que apresenta lesões na pele realmente esteja contaminada com a monkeypox, que ela procure atendimento de saúde o quanto antes.

A infectologista esclarece que a melhor forma de prevenir a contaminação pela varíola dos macacos é mantendo as medidas de segurança adotadas ao longo da pandemia de Covid-19.

– O uso de máscaras e a higiene das mãos fazem parte também das formas de prevenção – afirma Cláudia. – As mesmas medidas que foram tomadas para a Covid valem, então evitar aglomerações, higiene das mãos, uso de máscaras e investigação dos casos sintomáticos são os pontos mais importantes na prevenção que podemos fazer agora. Os usuários (de academias e outros ambientes coletivos) devem estar cientes de que está ocorrendo um surto de monkeypox, e que os sintomas são as lesões de pele características. Caso alguém apresente sintomas, é importante procurar um médico e seguir as instruções de isolamento antes de frequentar outros ambientes.

Piscinas

O vírus da monkeypox não se propaga pela água. No entanto, em aulas de hidroginástica lotadas em piscinas localizadas em locais fechados, sempre há uma possibilidade de transmissão aérea. Por isso, embora haja poucos dados sobre o tema, Claudia afirma ainda que, assim como em outros locais onde pode haver contato com as lesões características da doença, as piscinas também devem ser um local de atenção para contaminação, e por isso é necessária a atenção e os cuidados por parte dos usuários:

– Vale dizer que piscinas podem, potencialmente, ser um local de contaminação. Por isso, a melhor forma de prevenir é orientando todos que utilizam a piscina a não frequentarem em caso de lesões sugestivas. Antes, procure um médico para uma avaliação. Essa é a forma mais importante (de prevenção da transmissão), tanto em piscinas quanto academias – recomenda.

Com informações de Ministério da Saúde Prefeitura da Cidade de São Paulo.

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