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Após morte de jovem que comeu carne de tatu, médico acreano alerta sobre cuidados

Por MAURÍCIO GALVÃO, PARA O CONTILNET

Após a morte de um adolescente no Piauí por consumo de carne de Tatu, fica a pergunta: afinal, carne de caça é viável? Uma vez que a humanidade sempre caçou para sobreviver, a pergunta na verdade deveria ser outra. Porque a carne de caça tem se tornado atualmente um enorme risco para a saúde?

O fato apontado por especialistas em todo mundo está muito mais ligado à devastação ambiental do que a qualidade da carne dos animais. Micro organismos que sobrevivem em ambientes intocados por milhares de anos sem causar dano algum podem sofrer mutações nocivas quando estes ambientes são agredidos ou alterados.

Segundo Thor Dantas, médico infectologista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), existem medidas que podem ou deveriam ser tomadas no trato de qualquer animal selvagem: uso de luvas, máscara e proteção nos olhos, tanto para caçar (no caso, para remover o animal de sua toca, que pode estar contaminada por fungos, por exemplo), como principalmente no trato direto da carne, que envolve contato com sangue e vísceras.

A carne também que deve ser muito bem cozida ou assada, para eliminar possíveis patógenos. Ele adverte ainda que as medidas preventivas podem ajudar, mas não há garantias: o risco de contaminação é sempre maior quando se trata de animais selvagens, porque desconhecemos na verdade a quantidade e variedade de micro organismos que podem abrigar.

Neste sentido, Marco Antonio de Freitas, Doutor em Zoologia e Analista Ambiental do ICMBio, explica que animais silvestres, assim como nós, convivem em seus corpos com inúmeros micro organismos que não lhes causam mal. Ocorre que, sob regime de stress, seja por pressão contínua, desmatamentos ou queimadas, a resistência dos animais sofre uma queda e bactérias, micróbios e fungos, até então corporalmente controlados e inofensivos, podem se transformar em doenças letais e até epidemias.

Provavelmente foi o que ocorreu no caso do Coronavírus, por consumo de morcegos selvagens e mais ultimamente, com a chamada Varíola dos macacos. Por isso, Marco não aconselha de forma alguma a caça e o consumo de animais silvestres, mesmo que seja para alimentação, a não ser que se trate de uma questão de grande necessidade de sobrevivência.

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