Neste sábado (10), o rei Charles III foi formalmente proclamado monarca em uma cerimônia em Londres conhecida como Conselho de Adesão.
“No cumprimento da pesada tarefa que me foi confiada e à qual agora dedico o que me resta da minha vida, peço a orientação e a ajuda de Deus Todo-Poderoso”, declarou o novo rei durante a cerimônia.
O Reino Unido, contudo, não estava sem um líder de Estado desde a morte da rainha Elizabeth II na quinta-feira (8). Isso porque a lei Rex nunquam moritur (“o rei nunca morre”, em latim) determina que o trono seja assumido pelo primeiro integrante na linha de sucessão real assim que o último monarca morre. Portanto, Charles III se tornou rei no momento em que a mãe faleceu.
Durante a cerimônia, também foi anunciado que o dia do funeral da Rainha Elizabeth II será feriado em todo o Reino Unido, mas a data exata ainda não foi definida.
“O reinado de minha mãe foi inigualável em sua duração, sua dedicação e sua devoção”, declarou Charles na cerimônia, que, pela primeira vez, foi transmitida pela televisão.
“Vou me esforçar para seguir o exemplo inspirador que me foi dado na defesa do governo constitucional e buscar a paz, a harmonia e a prosperidade dos povos dessas ilhas e dos reinos e territórios da Commonwealth [comunidade de países que reúne antigas colônias britânicas] em todo o mundo”.
Conselho de Adesão
O Conselho Privado é integrado por mais de 700 pessoas, dentre elas o rei, Charles III, a primeira-ministra, Liz Truss, membros do gabinete, ministros, juízes, figuras da Commonwealth e o líder da oposição. Além de aconselhar o monarca, o grupo tem diversas funções administrativas, executivas e judiciárias.
A cerimônia do Conselho de Adesão é um encontro dos integrantes do Conselho Privado. A cerimônia aconteceu nos Apartamentos de Estado do Palácio de St. James, em Londres, e foi dividida em duas partes.
Na primeira, sem a presença do rei, a lorde presidente do grupo, Penny Mordaunt, anunciou a morte do soberano (a rainha Elizabeth II) e proclamou o novo rei. O secretário do Conselho, então, leu a Proclamação de Adesão, que foi assinada por apoiadores do monarca.
Também nesta etapa, o grupo aprovou formalmente diversas ordens consequentes e a lorde presidente explicou como as notícias da Proclamação serão divulgadas. Em seguida, o Conselho deu ordens para disparar armas no Hyde Park e na Torre de Londres.
A segunda parte do Conselho de Adesão contou com a presença do rei. Nela, o monarca fez uma declaração pessoal sobre a morte da antecessora, aprovou ordens no Conselho para facilitar a continuidade do governo, leu e assinou um juramento para preservar a Igreja da Escócia.
Esta última etapa é necessária porque há divisão de poderes entre Igreja e Estado na Escócia. Geralmente, meses depois, na abertura estadual do parlamento, outro juramento é feito, a declaração de adesão, cujo intuito é manter a sucessão protestante do trono.
Leitura da Proclamação Principal
A Proclamação Principal do novo soberano foi lida para o público da varanda do Tribunal do Convento no Palácio de St. James. A leitura do documento foi feita pelo rei de armas principal da Ordem da Jarreteira, uma ordem militar de cavalaria britânica.
Trompetistas também tocaram uma fanfarra da sacada e salvas de tiros foram disparadas na Torre de Londres, uma fortaleza às margens do rio Tâmisa, e no Hyde Park, um parque no centro da capital britânica.
Após a cerimônia no Palácio de St. James, uma segunda proclamação foi lida na região do Royal Exchange na cidade de Londres.
Segundo um comunicado oficial do site da família real britânica, outros eventos de proclamação também devem ocorrer amanhã na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales a partir das 12h no horário local (8h no horário de Brasília).
As bandeiras, que estavam hasteadas a meio mastro em luto pela rainha, estão colocadas a pleno mastro durante esse período entre as leituras do documento.