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“Independência ou morte!”: saiba a verdadeira história do 7 de setembro, segundo historiador

Por MAURÍCIO GALVÃO, DO CONTILNET

Foto: Reprodução

O Hino Nacional Brasileiro é considerado um dos mais belos e melodiosos do mundo. De fato, a língua portuguesa, em si, é considera uma das mais melodiosas e adequada para expressar emoções. Mas o fato é que nosso Hino Nacional não condiz com a verdade histórica. Escrito por Evaristo da Veiga, o Hino da Independência já estava pronto em agosto de 1822, antes mesmo da Independência do Brasil.

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!”

O Sete de Setembro, pedra angular da independência brasileira em relação à Portugal, ocorreu de uma forma um tanto mais inusitada. Nossa história possui muitos elementos que são, na realidade, fábulas construídas. Mas é melhor que seja assim, algumas vezes.

Ainda que estejamos comemorando 200 anos de independência, o que se sabe é que, em uma tarde de sábado, Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil, montado numa mula, e não num grande e portentoso cavalo branco. Grandes viagens simplesmente não eram realizadas em cavalos, pois não estavam preparados para o volume e peso a ser carregado.

O então príncipe D. Pedro, após subir a Serra do Mar, num caminho percorrido de Santos em direção à São Paulo e montado numa mula, foi acometido de uma forte diarreia, o que o obrigou parar às pressas à beira do riacho do Ipiranga para se aliviar. Segundo o historiador e escritor Otávio Tarquino de Sousa (1889 — 1959), “aludindo à disenteria que afetara o príncipe, este era forçado a apear-se da montaria a todo momento”. Seria catastrófico se nosso Hino Nacional contasse a história como ela realmente foi. Basta imaginar a letra, substituindo uma coisa pela outra.

Caro leitor, você também deveria esquecer a frase “independência ou morte”, não pelo sentido que ela expressa, mas pelo fato de que ela nunca ocorreu. Na realidade, a verdadeira frase dita teria sido: “Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal”. A expressão Independência ou Morte está de fato no hino da Romênia, que em 1876 se separou da Hungria.

O famoso quadro estampado em nossos melhores livros de história, pintado pelo italiano Pedro Américo somente em 1888, também não é fiel à realidade. As vestimentas retratadas seriam impossíveis de serem usadas no clima brasileiro. A guarda imperial, em destaque, nem havia sido criada na época.

Portugal, por sua vez, não aceitou nem se acovardou diante da declaração de Independência. Cobrou cerca de 2 milhões de libras esterlinas para aceitá-la e Dom Pedro teve que fazer um tratado com a Inglaterra para poder pagar. Foi o início de nossa dívida externa.

Maria Leopoldina, esposa de Dom Pedro, teria também avisado o marido sobre a intenção de Portugal de recolonizar o Brasil, (que, na época, possuía o status de Reino Unido) enviando uma carta ao príncipe explicando a situação, enquanto ele estava na casa de sua amante, Domitila de Castro, a Marquesa de Santos.

O povo brasileiro, de sua parte não acolheu por unanimidade a independência. As províncias do Pará, Bahia, Piauí, Maranhão e Cisplatina resistiram e Pedro teve que contar com ajuda da Inglaterra para conter os rebeldes, contratando até mercenários. Em 1825, a Cisplatina conquistou sua independência no dia 25 de agosto e, assim, formou o atual Uruguai, de língua espanhola.

Para finalizar, os jornais da época só citam a proclamação da Independência a partir de 12 de outubro. Alguns historiadores questionam se a Independência do Brasil tenha sido realmente proclamada no dia 7 de Setembro. Ela só começou a ser comemorada quatro anos depois, em 1826.

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