CLIQUE AQUI para ver o vídeo.
Onças mãe e filha disputaram uma carcaça no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O registro foi feito este mês, no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (MS), pelo guia de ecoturismo e biólogo, Fábio Paschoal. Veja o vídeo acima.
Gatuna é mãe de Hakuna e, de início, não gostou nem um pouco de reencontrar a filha na mesma fonte de alimento que ela, comenta Paschoal. “A Gatuna agora está com filhotes, então ela tem outras preocupações. A Hakuna já é uma onça adulta, então ela já precisa se virar sozinha. Então, quando a Gatuna começou a se aproximar, rolou essa interação meio agressiva”.
O guia relembra que estava na companhia de hóspedes rumo a um avistamento de uma onça-pintada que é monitorada pela Organização Não Governamental (ONG) Onçafari. O que eles não esperavam é que seriam surpreendidos por uma outra onça que não estava no radar.
“Eu falei para os hóspedes: ‘Agora a gente só para quando aparecer onça, dinossauro ou elefante cor de rosa’. No que eu falei isso apareceu uma onça do nosso lado, que não era a onça que a gente tava monitorando. Era a Gatuna”, conta.
Gatuna começou a andar e o grupo a segui-la, em uma distância segura para todos. “Ela entrou em um capão e arranhou a árvore com as garras. As onças têm glândulas nas patas, que servem para demarcar território. Ela raspou as garras na árvore e deixou uma marca visual e também uma marca olfativa, que diz para outras onças que aquele é o território dela”, explica.
De acordo com Paschoal, Gatuna andou mais um pouco na sequência e começou a cheirar e a rosnar. “Isso era um indicativo para a gente que tinha uma outra onça na área. A gente foi acompanhando a Gatuna, a gente sabia que tinha uma carcaça ali perto. Ela deitou perto da carcaça, já estava escuro”, cita.
O guia de ecoturismo e biólogo diz que iluminou o local com uma lanterna. Foi quando eles viram que havia uma outra onça no mesmo recinto. Era Hakuna, filha de Gatuna. Paschoal explica que Hakuna já é uma onça adulta, desgarrada da mãe. Por esta razão, o encontro entre as duas não foi amistoso como seria se a onça ainda fosse filhote.
“A Gatuna agora está com filhotes, então ela tem outras preocupações. A Hakuna já é uma onça adulta, então ela já precisa se virar sozinha”, pontua.
Após passarem um período rosnando uma para a outra, mãe e filha compartilharam o alimento. “Elas rosnaram bastante, mas no final acabaram conseguindo resolver tudo na ‘conversa’. Elas sentaram e comeram ao mesmo tempo, na mesma carcaça, sem precisar brigar”, lembra.
Paschoal descreve a situação como inesperada. “A gente estava indo para outro avistamento quando a Gatuna apareceu ao nosso lado. A gente acabou seguindo e teve um avistamento muito legal, de duas onças em uma carcaça. Mãe e filha, mas em uma interação agressiva. Foi bem massa. Como a Gatuna já tem novos filhotes, ela não está tão receptiva quanto antes com a Hakuna”, descreve.
Na mente do guia de ecoturismo e do biólogo, os rugidos das onças, chamados de esturros, ainda ecoam.
“Foi muito legal acompanhar essas duas onças se alimentando na mesma carcaça, mesmo sem ter uma interação física, quando elas fazem esses rosnados você sente tudo tremer. É muito, muito legal”, finaliza.