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À saída do debate na Globo, Bolsonaro teve um ataque de nervos

Por METRÓPOLES / Ricardo Noblat

Reprodução

Não se diga que Bolsonaro não tentou até o fim melar os resultados das eleições amanhã. Foi só o que fez quando ainda acreditava que poderia se reeleger, e o que fez ao perceber que seria derrotado. Nunca teve compromisso com a democracia.

Fracassou sua última tentativa de virar a mesa. Bolsonaro voava para o Rio quando soube que sua dupla de Fábios (Farias, ministro das Comunicações, e Wajngarten, responsável pela área de comunicação da campanha”) havia encontrado ouro puro.

Eis o ouro, que nem era puro e nem ouro: um falso levantamento feito por uma empresa de tecnologia a serviço da campanha apontou o boicote de emissoras de rádio a peças de propaganda eleitoral de Bolsonaro. Um verdadeiro escândalo, se provado.

Bolsonaro mudou a rota do avião e desembarcou em Brasília. Convocou uma reunião ministerial e chamou ao seu gabinete os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Chegara a hora de emparedar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ou as peças de propaganda seriam veiculadas até hoje ou as eleições deveriam ser adiadas. Não houve reunião ministerial porque faltavam ministros. Os militares julgaram procedente a queixa de Bolsonaro, mas além disso não iriam.

A ameaça de golpe desmoronou em menos de 24 horas, frente a resistência da maioria dos ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal. Foi sob o peso da frustração que Bolsonaro compareceu ao debate com Lula, e ali colheu mais uma derrota.

Estava visivelmente “descompensado”, como disse Lula. O próprio Bolsonaro admitiu: “Todo o sistema está contra mim”. E por que não estaria? Ao se eleger, ele disse que sua tarefa era “destruir o sistema”. Seu segundo mandato serviria para pôr outro no lugar.

Deu tudo errado. E Bolsonaro passou recibo não só durante o debate, mas também depois dele. À beira de um ataque de nervos quando dava uma entrevista coletiva à saída dos estúdios da Globo, foi retirado às pressas da cena por assessores assustados.

Um repórter da Folha de S. Paulo informou a Bolsonaro que toda a imprensa carioca sabia que o organizador da visita de Lula ao Complexo do Alemão, no Rio, é um comunicador conhecido e sem envolvimento com o tráfico de drogas, como ele havia sugerido.

Então, Bolsonaro berrou:

“Você tem moral para me chamar de mentiroso?”

A frase foi seguida de uma batida na mesa. Ele e o jornalista passaram a falar ao mesmo tempo. O senador eleito Sérgio Moro (União-PR) deu um cutucão no braço de Bolsonaro e pediu “calma”. O coronel Mauro Cid tirou Bolsonaro dali.

Antes, o alvo da irritação de Bolsonaro foi uma assessora da Globo. Ao microfone, ela avisou que lhe restava só 1 minuto para concluir a entrevista. Ele retrucou com a voz alterada:

“Sou candidato ou sou presidente? Se for candidato eu vou embora. Eu sou candidato, eu vou embora. Então, por favor. Eu sou presidente da República. Candidato eu era lá dentro”.

Na entrevista coletiva, um jornalista da ATP, de Portugal, perguntou a Bolsonaro sobre a imagem do Brasil no exterior. Ele respondeu:

“Não sei se entendi o que você falou. Mas se ficar repetindo, eu continuarei não entendendo. É que não falo espanhol e nem portunhol”.

O jornalista perguntou em português. Bolsonaro tem dificuldades de entender o português falado em Portugal.

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