Um levantamento feito pelo MapBiomas, a pedido do Globo, revela que, no primeiro turno da disputa para a presidência do Brasil em 2022, o candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL) venceu nas cidades onde o arco da destruição é mais flagrante e onde cidades do Acre estão inseridas. Em 265 municípios da Amazônia Legal, os números do candidato foram maiores que os do petista Luz Inácio Lula da Silva, o que representa 70% das áreas desflorestadas nas últimas três décadas.
O levantamento destaca que a região do novo arco do desmatamento, formada por municípios do Acre, Roraima, Mato Grosso, Pará e Amazonas, entregou mais votos a Bolsonaro em termos proporcionais do que as regiões Sul e Sudeste, o que revela que o discurso antiambiental do presidente rende muito mais apoio da população local do que a agenda verde.
Em entrevista ao Globo, o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, declarou haver conexão direta entre o resultado da votação e o discurso e a prática do governo Bolsonaro de redução da fiscalização e da punição ao desmatamento ilegal.
“Quando o governo federal reduz ou cancela multas, dá o sinal da impunidade. E, para essa região onde está reinando a ilegalidade, a impunidade é vista como um benefício”, conclui Azevedo.
Ele continua dizendo que, “principalmente no período entre 2004 e 2012, a sinalização do governo era no sentido contrário, de que, se desmatar, não se consegue ter posse da área. Para quem ocupa a terra de forma predatória, há um entendimento equivocado de que o bom é ter no governo quem deixa o desmatamento rolar solto. Mas isso tem impacto: diminui a floresta e as chuvas, e, no futuro, afeta todos nós. Há uma avaliação individualista a curto prazo”.