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Conheça a história de Janja, militante e nova primeira-dama do Brasil

Por METRÓPOLES

Reprodução

Figura quase onipresente na campanha do marido, Rosângela da Silva, de 56 anos, foi peça-chave na acirrada disputa que reconduziu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto depois de 12 anos. Janja, como é conhecida, cuidou não apenas do bem-estar de Lula, mas também das agendas do presidente eleito — especialmente com artistas –, e até das estratégias nas redes sociais.

Nos últimos meses, Janja deu mostras de que não será uma primeira-dama “decorativa”, como alguns opositores se referiam à Marisa Letícia, ex-mulher de Lula que morreu em 2017 após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Chamada de “Janjinha” pelo petista, ela participou das reuniões da cúpula da campanha e sempre sinalizou que gostaria de atuar de forma institucional na defesa dos direitos das mulheres caso o marido fosse eleito.

Janja de vermelho falando no microfone
Fábio Vieira/Metrópoles

O casal começou a namorar antes de Lula ser preso, em abril de 2018, quando o presidente foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Durante os 580 dias em que o petista esteve preso em uma cela da Polícia Federal em Curitiba, ele e Janja trocaram inúmeras cartas e se encontravam nas visitas autorizadas pela Justiça. O ex-metalúrgico oficializou publicamente o namoro com a nova primeira-dama no dia em que foi solto.

“Eu quero apresentar para vocês uma pessoa de quem eu já falei, mas que nem todos vocês conheciam. Eu quero apresentar a minha futura companheira. Vocês sabem que eu consegui a proeza de, preso, arrumar uma namorada e ainda ela aceitar casar comigo. É muita coragem dela”, disse Lula após deixar a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, em novembro de 2019.

Trajetória

Nascida em União da Vitória, no Paraná, em 27 de agosto de 1966, Janja se mudou para Curitiba ainda na infância. A nova primeira-dama cursou ciências sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR) nos anos 1990, atuou como professora e, em 2003, foi contratada para trabalhar como socióloga de campo na usina hidrelétrica Itaipu Binacional, no início do primeiro governo Lula.

A nomeação foi feita pelo parananese Jorge Samek, amigo de Lula que foi diretor-geral de Itaipu entre 2003 e 2016 e disputou a eleição deste ano como vice na chapa de Roberto Requição (PT) ao governo do Paraná. Na estatal, Janja fez campanhas de enfrentamento à violência contra a mulher, organizou reuniões e atividades no escritório da binacional em Curitiba, onde recebia salário de R$ 17 mil.

Durante sete anos, a socióloga viveu no Rio de Janeiro, período durante o qual foi cedida à Eletrobras. Em 2016, voltou ao Paraná, onde se aproximou do novo chefe do Executivo. Cinco anos depois de seu retorno ao estado de origem, Janja aderiu ao plano de demissão incentivada e se aposentou pela Fundação Fibra.

Romance

Janja se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) em 1983, cinco anos após a fundação da sigla. A socióloga diz ser “petista de carteirinha”, e sempre atuou como militante dos direitos das mulheres e animais. Conheceu Lula durante as caravanas da cidadania que o petista liderou por todo o país no início da década de 1990, após perder a primeira eleição presidencial para Fernando Collor.

O romance de Janja com o presidente eleito começou durante uma partida de futebol, em 2017, após a morte de Marisa. Janja se juntou a 1,5 mil convidados para a inauguração do campo Dr. Sócrates Brasileiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes do Movimento Sem-terra (MST), em Guararema (SP).

Lula fez parte do time Amigos de Chico Buarque, que jogou contra o Veteranos do MST. A partida terminou em empate de 5 x 5. No início de 2018, o casal se aproximou ainda mais durante o Carnaval, quando ficaram isolados em Maresias, litoral norte de São Paulo.

Namoro à distância

Durante o período de cárcere de Lula, entre 2018 e 2019, Janja ajudava na organização da vigília em frente à superintendência da PF em Curitiba e visitava o então ex-presidente às quintas-feiras. Ela fazia até a triagem de quem tinha contato ou não com o namorado na cadeia.

“Eu fiquei muito apaixonado quando eu estava preso. E quando a gente está preso, a gente não tem muita expectativa de futuro. E, de repente, eu percebo que é possível ficar apaixonado”, declarou Lula, durante a campanha, em um comício no Rio Grande do Sul.

O casal chegou a cogitar fazer a cerimônia na casa onde mora, na zona oeste de São Paulo, desde o início do segundo semestre de 2021. Mas desistiu, para não expor o endereço residencial deles Reprodução/ Twitter

Casamento

Logo após Lula deixar a prisão, o casal se mudou para um sobrado alugado em um bairro nobre de São Paulo e adotou a cadela Resistência. O valor da locação é pago pelo PT. Eles se casaram em maio de 2022. Na ocasião, Lula disse que a socióloga o “rejuvenesce” e que aquele era o dia mais feliz de sua vida. Reservados, o casal só divulgou aos convidados o local da cerimônia apenas na véspera. Foi o terceiro casamento do presidente eleito, que tem cinco filhos, e o segundo de Janja, que nunca foi mãe.

Desde então, Janja se tornou presença constante nas entrevistas do marido, e passou a compartilhar seu dia a dia nas redes sociais. Entre danças, futebol, novela e declarações a Lula, a militante aproximou o petista de seus 227 mil seguidores no Instagram. Durante a campanha, Janja participou de quase todos os eventos políticos do marido. Antes do discurso de Lula, a socióloga cantava o jingle e fazia a coreografia do TikTok. Ela, inclusive, foi a responsável por atualizar a música do novo presidente, que usava a mesma gravação desde 1989.

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula e Janja se casaram em 18 de maio de 2022, na cidade de São Paulo

A esposa de Lula também foi peça importante na articulação de apoios importantes na segunda fase de campanha. Fontes próximas a Janja relatam que a ligação para a senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno e aderiu à candidatura petista, foi mediada pela socióloga.

Também foi inciativa de Janja a “Superlive”, evento na reta final do primeiro turno da campanha que contou com a presença de nomes como Paulo Vieira, Pabllo Vittar, Kondzilla e Ludmilla. A primeira-dama é vista por especialistas como uma ferramenta para aproximar Lula desse público jovem.

“Vamos trabalhar para eu me tornar essa primeira-dama que vocês esperam”, respondeu, em agosto, a um seguidor no Instagram. “E tem um segredinho: vamos tentar ressignificar esse conceito de primeira-dama”, acrescentou a próxima inquilina do Palácio da Alvorada em Brasília.

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