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Derrota do presidente não vai tirar “bolsonarismo” da pauta política no país, mostram especialistas

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Bolsonaro em seção de votação no Rio de Janeiro — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Desconhecido da maioria do povo brasileiro até a campanha eleitoral de 2018, o “bolsonarismo”, um viés ideológico conservador e com pendores à Direita, não deverá desaparecer do país apesar da derrota de seu líder máximo, o presidente Jair Bolsonaro (LPL), que deve passar a faixa presidencial ao petista Luiz Inácio Lula da Silva em 31 de dezembro.

Apesar da derrota, Bolsonaro obteve 49,17% (57.627.462) dos votos, numa clara demonstração de que o movimento conservador que ele trouxe para o centro do poder em 2018, quando foi eleito presidente da República ao bater Fernand Haddad, do PT, está vivo, muito vivo. Com a eleição de deputados e senadores, além de governadores afinados com seu viés ideológico, os votos dados a Bolsonaro mostram que o país está dividido e que o atual presidente, mesmo ao passar a faixa a seu adversário, continuará no centro do debate da política nacional.

Por isso, na avaliação de especialistas em política,  o “bolsonarismo” terá papel de protagonismo na oposição a Lula partir do ano que vem. No Congresso Nacional, a força política de extrema direita terá um papel importante. O próprio PL, partido do Centrão e pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição, terá a maior bancada do Parlamento, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.

O próprio presidente eleito reconhece que não terá facilidades a depender dos aliados do atual presidente. Durante a campanha, Lula disse que o “bolsonarismo” seguiria existindo mesmo sem Bolsonaro na Presidência. Segundo Lula, é necessário derrotar o movimento “no debate político” e na “discussão sadia”.

“Se Lula vencer, em quatro anos Bolsonaro volta”, chegou a dizer durante a última campanha o poderoso ministro da Economia bolsonarista, Paulo Guedes. Lula sinalizou, durante a campanha encerrada no último domingo que ele próprio não deverá disputar a eleição. Aos 77 anos de idade, quando seu mandato se encerrar ele terá 81.

Outra fator que deve para manter o “bolsonarismo” vivo são os governadores que se vincularam politicamente ao atual presidente durante as eleições deste ano, como é o caso de Gladson Cameli, do Acre.. Dos 27 governadores eleitos e reeleitos, 13 declararam apoio ao presidente derrotado ou já eram aliados de longa data de Bolsonaro, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos), que conquistou o governo de São Paulo, maior colégio eleitoral e a economia estadual mais forte do país.

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