Gabigol promete mudança com juízes e minimiza meta pessoal no Flamengo: “Quero passar Luizão sendo campeão”

Gabigol está a três partidas de se tornar ainda maior dentro de um clube em que já é muito grande. Metas pessoais também estão em jogo, mas o jogador de 26 anos prioriza os objetivos coletivos do Flamengo. É o que relatou em entrevista ao Esporte Espetacular deste domingo.

A oportunidade de ultrapassar Luizão como maior artilheiro brasileiro dentro da Libertadores – falta um gol para igualar os 29 do ex-jogador – seduz o atacante rubro-negro, é claro. Porém está longe de ser uma obsessão de momento.

– Não (penso no recorde), eu penso em ser campeão duas vezes. Quantas vezes o Luizão ganhou (duas)? Eu quero passá-lo sendo campeão, com duas Libertadores (risos). Os gols vão sair naturalmente. Se não vier agora na final, vai sair depois. Falta um gol para empatar, dois para passar. Vai ser especial quando for, acho que Deus escreve tudo certinho. Se for na final, amém, mas o que eu quero mesmo é ser campeão. Ir de férias campeão da Libertadores e da Copa do Brasil.

Sem conversa com os árbitros

Se Gabriel deseja muito ser campeão, ele promete uma mudança dentro de campo: não quer mais falar com os árbitros. Embora não admita um sentimento de perseguição, acredita que qualquer tentativa de diálogo tem sido improdutiva. Reconhece cartões evitáveis, mas vê má vontade do outro lado. Por isso, o “Gabizen” vem aí.

– Meio não (perguntado sobre o número de cartões), excessivos (risos). Eu acho que sim, eu podia ter evitado alguns. Sim, os juízes também estão errados, porque alguns mal falam comigo. Eu tento falar numa boa, e eles já vêm com cartão. Alguns para aparecer, outros para me tirar do jogo. Porque, se eu tomo um cartão, talvez eu não possa mais falar com ele.

– Então eu desisti, a verdade é essa. Agora os juízes vão apitar tranquilos. Eu não vou falar com eles mais. E aí espero que a CBF veja, a torcida veja e os repórteres vejam o que acontece dentro do campo. Então agora vai ter um Gabi tranquilo porque eu já desisti, vi que não vai mudar, eles vão errar do mesmo jeito.

Gabigol, do Flamengo, em entrevista ao Esporte Espetacular. Foto: Fred Gomes

A nova postura de Gabi se dá porque o jogador relata se sentir coagido ao se expressar dentro e fora de campo. Se vê “numa prisão” quando o assunto é arbitragem.

– E também eles vão me dar cartão quando eu fizer alguma coisa que eu ache que eu tenho que fazer. Porque às vezes você tem que falar com o juiz, você tem que reclamar com ele, você tem que alertar de alguma coisa que está acontecendo. E também, se a gente fala fora do campo, a gente está errado. Se fala dentro do campo, a gente também toma cartão. Então é meio que uma prisão, né? Você não pode fazer nada. Então o que aconteceu é que eu desisti.

Seleção

Gabi quer fugir dos amarelos, mas a Amarelinha segue no radar. Evita dizer se tem chances ou não de jogar a Copa do Mundo do Catar. Há dentro de si, porém, a certeza de que se destacou no cenário nacional nos últimos anos.

– Cara, lido muito tranquilamente com isso. Creio eu que nesses últimos cinco anos, no período antes da Copa, eu fui um dos melhores jogadores do Brasil. Tem momentos e momentos, é claro, mas creio que nesses cinco anos pré-Copa eu fui muito bem.

– A gente também perdeu uma Copa América, eu pude jogar no último jogo e fui superbem. Então estou com a cabeça muito tranquila, meu foco é o Flamengo. Claro que é um sonho que te desperta e te motiva. Mas creio eu que há vários grandes jogadores nessa posição também. Então agora vou deixar com o Tite. Ele que decide.

Relação com a torcida: “Me vejo neles”

Gabigol é ídolo incontestável do Flamengo. Está, sem dúvidas, entre os jogadores mais importantes da história rubro-negra. A inegável relevância, porém, não lhe garante imunidade às críticas. Uns reclamam de chances desperdiçadas, outros do comportamento dentro e fora de campo.

Tais cutucadas sugerem uma relação de amor e ódio, mas o camisa 9 da Gávea vê muito mais carinho do que o contrário.

– Cara… Muita gente fala que é amor e ódio, mas eu acho que é muito mais amor do que ódio. Eu acho que a torcida do Flamengo é muito grande, então é difícil você também agradar a todos, mas creio eu que uma boa parte – talvez a maioria – gosta de mim, gosta do que eu faço dentro do campo. É uma relação de muito respeito. Eu sempre vou falar o que eu acho, demonstrar o que eu acho e o que eu penso, então creio eu que eles veem verdade em mim.

– Talvez seja por isso que a gente tem essa conexão tão grande. Eu me vejo neles. Sempre quando eu vou ver jogo do Flamengo e estou fora, eu sofro talvez mais do que eles, canto mais do que eles. É uma conexão muito linda e eu espero que dure muito tempo.

Os olhos de Gabigol brilham quando fala da torcida do Flamengo. Foto: Fred Gomes

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