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Pimenta no Reino: quais são as ilhas vermelhas do Acre?

Por THIAGO CABRAL, PARA O CONTILNET

Arquipélago 

Longe da capital Rio Branco, os municípios de Feijó, Jordão e Santa Rosa dos Purus são o que se podem chamar de ilhas vermelhas em um estado majoritariamente conservador. O Acre, que é reconhecidamente um dos estados mais bolsonaristas do país, vê esses municípios remando contra a maré, é que ao contrário do que ocorre na maioria das cidades acreanas, nestes locais o PT tem conseguido expressivas votações e mantido a hegemonia dos tempos áureos de Frente Popular. 

2018 

Em 2018, Bolsonaro, que na época estava no PSL, promoveu um verdadeiro ‘massacre’ contra o PT na eleição presidencial aqui no Acre. No 1º turno venceu Haddad, candidato do PT na ocasião, por 62,24% a 18,53%. No 2º turno, a ‘surra’ foi ainda maior: 77,22% a 22,78%. Por causa desses números, o Acre se tornou o estado em que Bolsonaro teve a maior votação proporcional do país no 2º turno. 

Vermelhos 

Mas enquanto a maioria do estado dava votos no balde pra Bolsonaro em 2018, Feijó (46,37% x 40,18%), Jordão (49,32% x 31,81%), Marechal Thaumaturgo (41,77% x 29,08%) e Santa Rosa dos Purus (51,82% x 22,13%) preferiram Haddad no 1º turno. Jordão (50,72% x 49,28%) e Santa Rosa (53,51% x 46,49%) mantiveram a hegemonia petista também no 2º turno. 

2022 

Nas eleições gerais deste ano, que por enquanto só tem um turno realizado, a tendência se repetiu: Feijó (52,10% x 40,68%), Jordão (55,08% a 37,71%) e Santa Rosa dos Purus (53,89% x 40,83%) deram mais votos ao PT, que desta vez trouxe o ex-presidente Lula para a disputa, e deixaram Bolsonaro na segunda posição. Já Marechal Thaumaturgo não repetiu a maioria do voto para o PT de 2018 e foi substituído por Porto Walter, que deu mais votos a Lula (48,34%) do que a Bolsonaro (38,94%) dessa vez. 

Jordão 

O município do Jordão, aliás, merece uma nota só pra ele. Se há um município genuinamente de esquerda no Acre, é o Jordão. Além de ter dado maior votacão para o PT no 1° e 2º turno de 2018, e no 1º turno deste ano, a cidade foi a única que deu mais votos para a esquerda em todos os cargos majoritários neste ano: preferiu Lula para a Presidência, escolheu Jorge Viana (PT) para o Governo e Jenilson Leite (PSB) para o Senado. 

2024 

Em entrevista ao ContilNet, na noite de ontem, o governador reeleito Gladson Cameli (PP) deixou escapar que já está pensando nas próximas eleições. Perguntado pelo editor-chefe do ContilNet, o jornalista Everton Damasceno, se com a expressiva votação que obteve para a Câmara Federal, a ex-prefeita de Rio Branco, Socorro Neri (PP), seria novamente sua aposta para gerir a capital, Gladson soltou: “Tudo pode acontecer, é um nome forte”. 

Non grato 

As rusgas entre o PT e PSB do Acre parecem que não serão curadas tão cedo. Ontem, representantes dos partidos de esquerda e centro-esquerda PT, PCdoB, PV, PSOL, PCB, PCO e Rede se reuniram para debater estratégias e ações de campanha para o ex-presidente Lula aqui no Acre, na disputa do 2° turno da eleição presidencial. O que chamou a atenção é que o PSB, que ocupa a vice de Lula com Geraldo Alckmin, não esteve presente na reunião. 

PSB 

Os socialistas, aliás, tiveram um melhor desempenho que o PT nas eleições deste ano no Acre. Conseguiram eleger um deputado estadual, o vereador de Rio Branco, Adilson Cruz, e tiveram um excelente desempenho na disputa pelo Senado, com o deputado estadual Jenilson Leite obtendo o terceiro lugar na disputa, com mais de 65 mil votos, e ficando à frente da candidata petista, Nazaré Araújo. O PT não elegeu ninguém no Acre neste pleito. 

Normal

Passados três dias do 1° turno, aos poucos a vida vai voltando ao normal por aqui. Sem 2° turno no estado, a eleição nacional parece algo muito distante daqui. Os movimentos ainda são muito tímidos de um lado e do outro. Pelo visto, a eleição deve transcorrer em clima de paz novamente. 

Guerra Santa 

Enquanto localmente reina o clima de tranquilidade, já que a fatura já foi liquidada, nacionalmente o que se vê é quase uma guerra santa entre os adversários do 2° turno, Jair Bolsonaro e Lula. Uma guerra de narrativas e de fake news que tem como principal alvo o público religioso. Deus tá vendo.

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