Rishi Sunak, de 42 anos, foi escolhido nesta segunda-feira (24/10) como o novo primeiro-ministro do Reino Unido.
Ele assume o cargo após sua colega do Partido Conservador, Liz Truss, deixar a liderança após 44 dias no cargo.
Membro do Parlamento desde 2015, Sunak era o favorito para assumir o posto. Sua rival ao cargo, a parlamentar conservadora Penny Mordaunt, não conseguiu o mínimo necessário de apoio para disputar uma eleição interna contra Suchak e anunciou que estava abandonando sua campanha.
Com isso Richi Sunak tornará-se o novo líder do Partido Conservador — e novo primeiro-ministro do Reino Unido.
O político ganhou notoriedade durante a pandemia de covid-19. Como ministro da Economia, um dos cargos mais importantes do governo britânico, ele precisou gastar enormes quantias de dinheiro para dar suporte às empresas e aos cidadãos durante os períodos de lockdown.
Mas quem é Rishi Sunak e como ele chegou à liderança do governo?
Família de imigrantes
Os pais de Sunak vieram para o Reino Unido vindos do leste da África e ambos são de origem indiana.
Ele nasceu na cidade de Southampton no ano de 1980. O pai era clínico geral e a mãe administrava uma farmácia.
Ainda na infância e na adolescência, ele frequentou a prestigiada escola particular Winchester College. Depois, estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford.
Enquanto fazia um MBA na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele conheceu a futura esposa, Akshata Murty. Ela é filha de Narayana Murthy, um bilionário indiano que é cofundador da gigante de serviços de TI Infosys. Atualmente, o casal tem duas filhas.
Durante a campanha anterior para o cargo de primeiro-ministro, da qual Liz Truss saiu como vencedora, Sunak frequentemente mencionava as filhas no contexto das mudanças climáticas.
Respondendo a uma pergunta sobre o tema durante um debate na BBC, Sunak disse que recebeu “conselhos das duas filhas pequenas, que são especialistas nisso em casa”.
De 2001 a 2004, Sunak foi analista do banco Goldman Sachs e, mais tarde, virou sócio de dois fundos de investimento.
Ele é considerado um dos parlamentares mais ricos do Reino Unido, mas nunca divulgou publicamente qual é o seu patrimônio.
Em 2015, ele foi eleito parlamentar pela cidade de Richmond, no condado de Yorkshire.
Ainda nos primeiros anos de experiência política, Sunak já assumiu uma secretaria no governo da então primeira-ministra Theresa May.
Com Boris Johnson, que sucedeu May, ele foi nomeado secretário-chefe do Tesouro e depois chanceler, um cargo equivalente ao de ministro da Economia.
Atuação durante a pandemia
Sunak tornou-se ministro em fevereiro de 2020 e, em poucas semanas, teve que lidar com as turbulências relacionadas à pandemia de covid-19 e à necessidade de lockdown.
Quando prometeu fazer “o que for preciso” para ajudar as pessoas durante a pandemia em abril e maio de 2020, ele revelou um plano de suporte financeiro no valor de 350 bilhões de libras.
Isso foi suficiente para que ele ganhasse notoriedade e virasse um candidato natural para assumir cargos ainda mais importantes no futuro.
Passado esse primeiro momento, o Reino Unido continuou a ser atingido por um clima econômico tempestuoso.
O próprio Sunak, inclusive, teve que lidar com as consequências de ser multado pela polícia por violar as regras do lockdown em junho de 2020.
Riqueza em debate
Em abril de 2022, alguns críticos conservadores questionaram se Sunak havia realmente entendido a crise financeira do país, que deixou (e ainda deixa) muitas famílias em dificuldades.
Naquele mês, as finanças dele e da família foram submetidas a um intenso escrutínio. Os assuntos fiscais da esposa ficaram em destaque na imprensa e nas mídias sociais.
Mais tarde, ela anunciou que começaria a pagar impostos do Reino Unido sobre os ganhos que tem no exterior para aliviar a pressão política sobre o marido.
Os membros do Partido Trabalhista fizeram várias perguntas sobre as finanças da família, incluindo se Sunak já teria se beneficiado do uso de paraísos fiscais.
O jornal Independent divulgou um relatório afirmando que ele foi listado como beneficiário de fundos nas Ilhas Virgens Britânicas e nas Ilhas Cayman em 2020.
Um porta-voz de Sunak disse que “não reconhecia” tais alegações.
Outros posicionamentos
Sunak foi um grande defensor de Johnson no início, mas renunciou em julho de 2022 afirmando que sentia que sua própria abordagem à economia era “fundamentalmente muito diferente” do que acreditava o então primeiro-ministro.
Sunak fez campanha a favor do Brexit, em que o Reino Unido desfez os laços com a União Europeia.
À época, numa entrevista ao jornal Yorkshire Post, ele disse acreditar que isso tornaria o Reino Unido “mais livre, justo e próspero”.
Ele acrescentou que a mudança nas regras de imigração era outra razão importante para o voto pela saída do bloco econômico.
“A imigração pode beneficiar nosso país, mas devemos ter controle de nossas fronteiras”, defendeu.
‘Identidade importa’
Sunak pertence a uma geração nascida no Reino Unido, mas com origens em outros lugares.
E essa identidade importa, acredita o primeiro-ministro.
“Meus pais emigraram, então você tem essa geração de pessoas que nasceram aqui, a partir da luta dos pais para ganhar a vida”, afirmou, em entrevista à BBC no ano de 2019.
“Em termos de educação cultural, eu estaria no templo no fim de semana — sou hindu — mas também posso ir ao estádio do Southampton para assistir um jogo de futebol.”
Na entrevista feita há três anos, ele disse que teve a sorte de não sofrer muito racismo enquanto crescia, mas que houve um incidente que o marcou.
“Eu era adolescente e estava com meus irmãos mais novos em um restaurante de fast food. Havia pessoas sentadas nas proximidades e foi a primeira vez que vi alguns dizendo coisas muito desagradáveis [sobre a origem da família].”
“Isso doeu, e ainda me lembro. Ficou na minha memória.”
No entanto, ele disse que “não se pode conceber que isso possa acontecer hoje” no Reino Unido.