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Soldado da borracha mora há quase 60 anos no rio Caeté: “Quero terminar os meus dias aqui”, comenta

Por REDAÇÃO CONTILNET

Foto: Contilnet

A cidade de Sena Madureira, situada às margens do rio Iaco, tem uma população estimada em 47.168 habitantes, de acordo com o último censo do IBGE. Grande parte dos moradores reside na zona urbana, mas há uma parcela considerável que vive na zona rural, notadamente nos rios Iaco, Caeté, Purus e Macauã, além das estradas e ramais.

Em décadas passadas, especialmente no forte da borracha, havia um maior número de moradores na zona rural. Com a desvalorização do produto, muitas famílias se mudaram para a zona urbana em busca de uma vida melhor. Porém, existem moradores que resistiram ao tempo e as dificuldades e se apegaram de tal forma à vida no campo que nem pensam em largar suas colocações.

É o caso do soldado da borracha Raimundo Farias de Oliveira, 65 anos de idade, conhecido pelo apelido de Reis. Há exatamente 58 anos, ele mora no rio Caeté e conhece, como ninguém, as mais diversas comunidades existentes nesse rio. “Quando meu pai veio pra cá com a nossa família, eu ainda era uma criança. Moramos muitos anos na Santa Helena que fica nas cabeceiras do Caeté. Comecei a cortar seringa com 13 anos de idade. Foram muitos anos cortando seringa, mas exerci outras atividades também para sustentar a família. Enfrentamos muitas dificuldades. Por se tratar de um lugar longe, às vezes a gente comia até sem sal porque não tinha aqui e nem aonde comprar”, comentou.

Naquela época, não existia nenhum ramal aberto, fator que aumentava ainda mais os gargalos para os ribeirinhos. “Lembro uma vez que a gente veio a pé de Santa Helena até a cidade. Só existiam varadouros. Gastamos quatro dias de viagem por dentro da mata. Era uma vida muito sofrida”, frisou.

Perguntando se algum dia pretende se mudar para a zona urbana, seu Reis respondeu de forma categórica: “Ali não é lugar pra mim. Passo um dia ou dois porque tem que comprar a mercadoria e já volto. Me acostumei aqui na zona rural e é aqui que quero terminar os meus dias”.

Atualmente, ele reside com a família na comunidade Cuidado que fica distante algumas horas de barco do porto de Sena Madureira. Aposentado, ele desfruta de uma vida bem melhor do que a constatada em décadas pretéritas onde faltava praticamente tudo: Mercadorias, remédios e até para comprar um motor de embarcação era uma dificuldade extrema.

Hoje, na casa de seu Reis tem até mesmo energia. Neste ano, ele recebeu um kit de placa solar por meio do programa Mais Luz para a Amazônia, de iniciativa do Governo Federal.

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