A nota pública assinada pelo prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), parabenizando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição do último domingo, não foi um documento qualquer. Primeiro, porque assinado por um político que passou os 20 anos, o tempo em que o PT, Partido de Lula, esteve no poder no Acre, lutando contra a ideologia petista e seus métodos de governar, sendo derrotado em seguidas eleições tanto para a Prefeitura da Capital como para o governo do Estado e a Câmara Federal, como ocorreu a deputado em 2018, aliado a Bolsonaro, que venceu a eleição.
O segundo ponto a ser ressaltado na carta de reconhecimento da vitória de Lula não é que ela já coloque Bolsonaro em segundo plano. É que o documento acena em direção a Geraldo Alckmim, eleito vice de Lula.
O que muita gente não sabe ou não lembra e que Bocalom é um velho amigo do vice-presidente eleito desde a época em que ambos militavam no PSDB. Por um período, mesmo vivendo no Acre, Bocalom chegou a ser nomeado para um cargo político por Alckmim, que era então governador de São Paulo.
Isso serve para ilustrar que Bocalom terá em Alckmim o aliado para buscar recursos junto à presidência da República para a realização de grandes obras na Capital, como, por exemplo, um ousado programa de moradia popular e construção de um viaduto na Avenida Ceará, o primeiro elevado de Rio Branco.
Recursos para essas obras constam de emendas ao Orçamento Geral da União (OGU) para 2023 indicadas por senadores como Màrcio Bittar e Alan Rick (este ainda como deputado federal), ambos do União Brasil. Mesmo que as emendas de parlamentares tenham caráter impositivo, a liberação dos recursos para a concretização de obras planejadas.
No caso, para quem imaginava que Bocalom, que foi de Jair Bolsonaro até a última hora na disputa eleitoral, estaria no mato sem cachorro, se enganou. A depender de apoio no governo federal, o prefeito de Rio Branco não só o tem como seu apoiador deverá se rum dos homens mais fortes da República sob o terceiro mandato de Lula. O presidente eleito, por exemplo, e contrariando a todos os medalhões petistas que apontavam para o ex-ministro Aloísio Mercadante como coordenador da transição do Governo Bolsonaro para o de Lula, foi surpreendido coma nomeação de Geraldo Alckmim para a coordenação, numa clara demonstração de que o antigo aliado de Bocalom terá mais força do que se imagina no Palácio do Planalto
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