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Após 30 anos de pesquisa, professora lança dicionário indígena com 6 mil palavras

Por G1

Dicionário Kaiowá-Português. — Foto: Arquivo pessoal

Depois de 30 anos de muita pesquisa e acompanhamento dos povos indígenas guarani-kaiowá, da região de Dourados e Ponta Porã a professora de História, Graciele Chamorro, lançou nesta sexta-feira (18), em Dourados o “Dicionário Kaiowá-Português”.

O glossário reúne mais de 582 páginas e 6 mil verbetes, com a pronúncia e escrita corretas do idioma de um dos povos mais tradicionais de Mato Grosso do Sul e do Brasil.

Disponível para download através deste link, o dicionário traz consigo toda a riqueza da língua indígena e os seus significados, e a versão impressa está prevista para 2023.

“Eu me sinto muito honrada por poder trabalhar com essas pessoas, em poder registrar essas falas, esses pensamentos, essas ligações”, comenta a professora. Graciela é paraguaia e mora em Dourados há 40 anos e foi a campo, junto a alunos da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) desenvolver as pesquisas. 

Professora de História, Graciele Chamorro. — Foto: Arquivo pessoal

Professora de História, Graciele Chamorro. — Foto: Arquivo pessoal

De importância acadêmica e cultural ímpar, o dicionário também nasce como um aliado no combate ao preconceito contra os povos originários.

“Hoje ainda me perguntaram se o guarani-kaiowá é um dialeto. Deixa o dialeto para lá, é uma língua. Existe um racismo linguístico, a gente quer achar que é língua, só aquelas associadas com o poder”, completa a pesquisadora. A obra ainda conta com ilustrações realizadas pelo desenhista Kaiowá Misael Concianza Jorge; mini-biografias, fotos de colaboradores indígenas e textos de apresentação. 

Dicionário Kaiowá-Português reúne mais de 582 páginas e 6 mil verbetes — Foto: Arquivo pessoal

Em termos geográficos, o dicionário privilegia a fala de homens e mulheres Kaiowá do antigo Ka’agwyrusu, que se refere à área compreendida entre o Rio Brilhante e os córregos Panambi, Hũ e Laranja Doce.

Ela abriga, atualmente duas terras indígenas regularizadas, Panambi, ou Lagoa Rica e Panambizinho, e quatro acampamentos de retomada: Laranjeira Nhanderu, Itay Ka’agwyrusu, Gwyra Kambiy e Tajassu Ygwa.

“Trabalhamos de modo sistemático e duradouro com indígenas Kaiowá de Panambi, Panambizinho, Itay Ka’agwyrusu e Gwyra Kambiy”, descreve a autora na publicação.

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