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Cientistas podem ter descoberto a causa da 1ª extinção em massa na Terra

Por REVISTA GALILEU

Impressões dos fósseis do Ediacarano. No centro, um registro de um organismo chamado Dickinsonia e na esquerda de um antigo animal Parvancorina Scott Evans.

Uma nova pesquisa aponta que a causa da primeira extinção em massa conhecida na Terra foi a diminuição dos níveis de oxigênio. Isso levou à perda da maioria dos animais perto do final do Período Ediacarano, cerca de 550 milhões de anos atrás.

A conclusão faz parte de estudo publicado em 7 de novembro na revista PNAS. No Ediacarano, havia prosperidade para a vida nos oceanos do planeta, o que incluía os animais extintos Petalonamae, cuja forma lembra o formato de uma pena, e Kimberella, similares a moluscos.

Porém, 80% da vida desapareceu, sem deixar vestígios. Os cientistas já sabiam há muito tempo sobre o súbito declínio na diversidade dos fósseis há 550 milhões de anos, mas não estava claro se isso teria ocorrido devido a um evento de extinção em massa.

Scott Evans, líder do estudo, e sua equipe analisaram a literatura científica para reunir dados de fósseis do Ediacarano. Eles conseguiram catalogar 70 gêneros de animais que viveram há 550 milhões de anos, dos quais apenas 14 ainda existiam cerca de 10 milhões de anos depois.

A queda na abundância de fósseis revelou assim o primeiro evento massivo de extinção. “Isso incluiu a perda de muitos tipos diferentes de animais, no entanto, aqueles cujos planos corporais e comportamentos indicam que dependiam de quantidades significativas de oxigênio parecem ter sido atingidos de forma particularmente dura”, considera Evans, em comunicado.

O que teria causado a queda de oxigênio ainda está em debate. “Pode ser qualquer número e combinação de erupções vulcânicas, movimento de placas tectônicas, impacto de um asteroide, etc., mas o que vemos é que os animais que se extinguem parecem estar respondendo à diminuição da disponibilidade global de oxigênio”, conta o cientista da Virginia Tech, nos EUA.

Impressões dos fósseis Dickinsonia (à esquerda) e a forma relacionada, mas rara, Andiva (à direita) em arenito no Parque Nacional Nilpena Ediacara, no sul da Austrália. — Foto: Scott Evans

Impressões dos fósseis Dickinsonia (à esquerda) e a forma relacionada, mas rara, Andiva (à direita) em arenito no Parque Nacional Nilpena Ediacara, no sul da Austrália. — Foto: Scott Evans

Os pesquisadores não notaram mudanças significativas nas condições necessárias para a preservação de fósseis, nem encontraram diferenças nos modos de alimentação que sugeririam que os animais do período morreram devido à competição com animais do início do Cambriano, como os trilobitas (artrópodes do Paleozoico).

Mas havia algo em comum entre os organismos que sobreviveram: planos corporais com alta área de superfície em relação ao volume, o que os teria ajudado a lidar com condições de baixo oxigênio. Essa observação, combinada com evidências geoquímicas de um declínio do gás, sugeriram que o Ediacarano pode ter terminado com a extinção em massa.

“Examinamos o padrão de seletividade – o que foi extinto, o que sobreviveu e o que floresceu após a extinção”, explicou o coautor do estudo, Shuhai Xiao, ao site Live Science. “Acontece que organismos que não conseguem lidar com baixos níveis de oxigênio foram removidos seletivamente.”

Extinção em massa há 233 milhões de anos favoreceu ascensão de dinossauros

De acordo com Xiao, existem cinco extinções em massa conhecidas que se destacam na história dos animais (as “Big Five”): a Extinção Ordoviciano-Siluriana (440 milhões de anos atrás), a Devoniana Tardia (370 milhões de anos atrás), a do Permiano-Triássico (250 milhões de anos atrás), a do Triássico-Jurássico (200 milhões de anos atrás) e a do Cretáceo-Paleogeno (65 milhões de anos atrás).

Evans supõe que o evento de extinção inicial do Ediacarano tenha aberto o caminho para animais mais modernos. “Os animais ediacaranos são muito estranhos – a maioria não se parece em nada com os animais que conhecemos”, declarou ao Live Science. “Depois desse evento de extinção, começamos a ver cada vez mais animais que se parecem com os de hoje”.

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