Enquanto a Fifa faz questão de reforçar que os torcedores e visitantes LGBQTIA+ que viajarem para a Copa do Mundo são bem-vindos — desde que não demonstrem afeto em público, para não ofender os costumes locais —, essa não parece ser a ideia dos habitantes do país. Pelo menos de acordo com Khalid Salman, que defendeu a seleção nacional nos anos 1980 e 1990, e é um dos embaixadores do Qatar no Mundial. Ele afirmou que ser homossexual é “haram”, o que no islamismo significa que contraria as leis religiosas.
— A homossexualidade é haram. Não sou um muçulmano estrito, mas por que é haram? Porque causa danos à mente — afirmou o ex-jogador em uma entrevista a uma rede alemã de televisão que filmava um documentário para a Copa.
Os comentários LGBTfóbicos não pararam por aí. Salman também continuou despejando preconceitos até ser interrompido por um membro do comitê de imprensa da Fifa.
— Durante a Copa do Mundo, muitas coisas vão acontecer aqui no país e eles terão que aceitar nossas regras. A homossexualidade é um desvio mental.
As questões sobre a LGBTfobia no país são motivo de preocupação desde que o Catar foi anunciado como a sede da Copa. De acordo com um boletim do Observatório de Direitos Humanos (HRW, na sigla em inglês), uma série de crimes vem sendo cometidas contra esta população. Desde 2019, eles documentaram “seis casos de espancamentos severos e cinco casos de assédio sexual sob custódia policial entre 2019 e 2022”. As vítimas dos abusos foram quatro mulheres trans, uma mulher bissexual e um homem homossexual.
A Fifa segue tentando botar panos quentes na situação, afirmando que todos torcedores serão bem-vindos no mundial, mas a orientação oficial é de que os torcedores respeitem a cultura local, em um país em que a homossexualidade pode ser motivo de pena de morte. As informações oficiais são, de acordo com o diretor executivo do Qatar 2022, Nasser Al Khater, que os visitantes homossexuais serão bem-vindos ao país e poderão se sentir seguros. Além disso, andar de mãos dadas será permitido.