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Jornalista critica ‘excesso de espaço’ de Janja e é acusada de machismo

Por UOL

A jornalista Eliane Cantanhede, comentarista da Globo News, criticou a presença constante de Janja, mulher de Lula (PT), nos compromissos que envolvem a transição do governo para que o petista assuma a Presidência em 2023. Durante o jornal “Em Pauta”, ela afirmou que existe um “incômodo com o excesso de espaço” que a próxima primeira-dama vem ocupando.

“Quando o Lula fez aquele discurso em que ele chorou, quando falou da fome, quando ele derrapou ao criticar a estabilidade fiscal, o teto de gastos e etc, ela estava ali sentada. Mas ela não é presidente do PT, ela não é líder política, não é presidente de partido, enfim, por que ela estava ali? Qual é o papel da primeira-dama?”, questionou a jornalista na sexta-feira (11).

Além disso, Eliane também afirmou que a forma como Janja tem se posicionado ao lado do presidente eleito pode “dar confusão”. “Ela já começou a participar de reunião, já vai dar palpite e daqui a pouco ela vai dizer quem pode ser ministro. Isso dá confusão. Se é assim na transição, imagina quando virar primeira-dama.”

A comentarista ainda comparou a atuação de Janja com a de outras mulheres que já ocuparam o posto de primeira-dama do Brasil. Ao citar Ruth Cardoso [1930-2008], mulher de Fernando Henrique Cardoso, a jornalista disse que ela “não tinha protagonismo, não tinha voz nas decisões políticas e, se tinha, era a quatro chaves dentro do quarto do casal”.

“Eu acho que o bom exemplo de primeira-dama foi a Ruth Cardoso, que, como a Janja, tinha o brilho próprio. Era professora universitária, uma mulher respeitada na área dela, mas não tinha protagonismo”, afirmou.

“A gente tem vários exemplos [de primeira-dama], desde a ditadura militar, dona Yolanda Costa e Silva, supermaquiada e artificial. Tinha a mulher do Geisel, que era muito discreta, dona de casa, depois, com a redemocratização, tem a Rosane Collor jogando a aliança fora, fazendo confusão, e aí todo dia tinha briga, ou seja, isso não é bom”, afirmou Eliane.

A presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann usou o Twitter para se posicionar contra o comentário da jornalista. “Me apavora o machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas”, afirmou ela, que chamou de “desprezível” a fala de Eliane.

“Ter opinião e participação política é direito de TODAS nós mulheres! Sem essa de primeira-dama”, afirmou Gleisi Hoffmann.

O comentário também não foi bem recebido nas redes e a frase “respeita a Janja” acabou entre os assuntos mais comentados do Twitter, em postagens que destacavam a fala de Eliane como machista, misógina e reacionária. Outros posts destacaram a qualidade da futura primeira-dama, como o youtuber Felipe Neto, que lembrou que Janja é socióloga e que “é um orgulho para o Brasil tê-la como primeira-dama”.

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