Ícone do site ContilNet Notícias

Lula ainda tem dúvidas sobre Marina Silva no Meio Ambiente; entenda

Por NANY DAMASCENO, DO CONTILNET

Marina e Lula, durante campanha/Foto: Ricardo Stuckert

O nome do futuro ministro do Meio Ambiente do Governo Lula deve ser anunciado pelo presidente eleito até a próxima quarta-feira (16), quando desembarca no Egito para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27).

Segundo reportagem do Jornal O Globo, pelo menos dois aliados próximos entendem que o Lula não tem como escapar da indicação da acreana Marina Silva, mas ele ainda avalia os contras da nomeação da deputada federal eleita, pois na concepção de aliados de Lula, Marina travava projetos e entrava em conflitos com outras áreas, o que culminou com a sua saída do cargo de ministra, que ocupou na primeira gestão do petista.

Apesar dos contras, os aliados reconhecem que na gestão de Marina, o Ministério do Meio Ambiente implantou um bem-sucedido plano de combate ao desmatamento, que fez a derrubada de árvores na Amazônia cair 70%.

“Justamente por causa de seu prestígio no exterior, uma eventual saída de Marina do novo governo Lula provocaria uma grande crise dentro do governo. O fenômeno já aconteceu em 2008 e seria amplificado agora, já que a questão climática se transformou no principal foco de interesse das nações estrangeiras em relação ao país”, diz um trecho da reportagem.

Confira a matéria na íntegra:

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar até a próxima quarta-feira, quando desembarca no Egito para participar da COP27, o nome do seu futuro ministro do Meio Ambiente. Pelo menos dois aliados próximos entendem que o petista não tem como escapar da indicação da deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), que comandou a pasta entre 2003 e 2008. A ex-ministra Izabella Teixeira e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também são cotados.

Lula, porém, dizem aliados, ainda avalia os contras da nomeação de Marina, com quem se reconciliou ao longo da campanha eleitoral deste ano. Reconhecida como principal referência da causa ambiental do país e com grande prestígio internacional, a ex-ministra acumulou conflitos com o petista durante a sua passagem pelo governo.

O entendimento em parte do entorno de Lula é que Marina travava projetos e entrava em conflitos com outras áreas, o que culminou com a sua saída do cargo em 2008. Os aliados do presidente eleito ainda acreditam que a ex-ministra carrega o ônus de ser praticamente indemissível uma vez nomeada.

Todos, porém, reconhecem que na gestão de Marina o Ministério do Meio Ambiente implantou um bem-sucedido plano de combate ao desmatamento, que fez a derrubada de árvores na Amazônia cair 70% (índice atingido depois que Marina deixou a pasta).

Justamente por causa de seu prestígio no exterior, uma eventual saída de Marina do novo governo Lula provocaria uma grande crise dentro do governo. O fenômeno já aconteceu em 2008 e seria amplificado agora, já que a questão climática se transformou no principal foco de interesse das nações estrangeiras em relação ao país.

Oportunidade diante do mundo

Lula não chegou a anunciar que apresentará o seu ministro do Meio Ambiente na conferência do clima organizada pela ONU, mas aliados entendem que não faria sentido o novo presidente perder essa oportunidade, já que os olhos de ambientalistas de todo o mundo estarão voltados para o Egito.

O petista tem o plano de recuperar o prestígio do país no exterior com uma gestão preocupada em combater as mudanças climáticas. Seria uma forma de se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo governo foi marcado por aumentos dos índices de derrubada da Amazônia.

Uma opção considerada no entorno de Lula é que Marina seja nomeada para Autoridade Climática, instituição que irá coordenar a ação de vários ministérios na questão ambiental. A criação da autoridade foi uma das propostas apresentadas pela líder da Rede a Lula como condicionante para que ela declarasse apoio ao petista ainda no primeiro turno.

Os dois se reconciliaram três semanas antes do primeiro turno. Eles estavam afastados desde que Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente, em 2008. A distância se intensificou em 2014, quando Marina, que liderava a disputa presidencial, tornou-se o principal alvo de ataques da campanha de Dilma Rousseff.

Deus, Marina e Lula

Ainda durante a disputa de 2014, o jornal “Folha de S. Paulo” revelou que Lula relatava em conversas reservadas que convenceu Marina a ficar no governo em 2006, quando ela apresentou pela primeira vez a intenção de deixar o ministério, ao dizer que sonhou que Deus pedia que ela permanecesse no posto.

Sair da versão mobile