Onça-pintada salva em incêndio tem nome inspirado em boliviana

A onça-pintada Joujou é considerada um símbolo de superação. Resgatada durante as queimadas no Pantanal, em novembro de 2020, o macho agora vive livre e saudável pela maior planície alagável do mundo. Na data em que é celebrado o Dia Nacional da Onça-pintada, o g1 explica o origem do nome de batismo do felino.

O nome homenageia a cozinheira boliviana Juana Judith Apaza Huampo, de 32 anos. A cozinheira trabalha há cinco anos no Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e esteve ao lado da onça-pintada após o resgate, aplicando gelo para conter a febre do animal, além de dar suporte aos médicos veterinários. A conexão entre a mulher e a onça foi imediata.

Juana chegou ao Brasil há 15 anos, vindo para trabalhar em Corumbá (MS). Há 5 anos, ela passou a integrar a equipe do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) como cozinheira. “Eu moro junto com os meus três filhos, uma menina de 13 anos, um rapazinho de 8 anos e o meu caçula de 5 anos. De manhã acordo às 4h, faço o café da manhã para o pessoal que está aqui”, comenta.

A boliviana lembra o primeiro contato com Joujou. “O pessoal estava no combate [ao incêndio de 2020]. Os veterinários estavam aqui e chegou um comentário que tinha uma onça perto daqui, que não estava se mexendo. Eles foram ver se era real e viram o que estava acontecendo”, comenta.

Após ter o quadro clínico estabilizado, a onça ferida foi encaminhada para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) de Campo Grande, em 4 de novembro de 2020.

Para regeneração das patas, onça fez ozonioterapia. As fotos mostram como as patas no animal estavam quando chegou e a forma que saiu. — Foto: Governo de MS/ Divulgação

Para regeneração das patas, onça fez ozonioterapia. As fotos mostram como as patas no animal estavam quando chegou e a forma que saiu. — Foto: Governo de MS/ Divulgação

Na época, a equipe do IHP batizou o felino sobrevivente. A escolha do nome foi para homenagear a cozinheira prestativa.

“Parece que é algo que saiu de mim. O instituto teve um carinho grande por mim, dando esse nome para ela. Eles não me chamam de Juana, me chamam de Joujou. Foi um presente que eu jamais ganhei da minha vida. Talvez ninguém fizesse isso por mim, mas o pessoal do instituto fez”, diz Juana emocionada.

Em janeiro de 2021, a onça Joujou foi solta na Serra do Amolar, exatamente na mesma região em que foi encontrada. Com 87 quilos e recuperada, a onça macho voltou ao habitat natural.

Após mais de 13 horas de viagem, onça retorno ao habitat natural. — Foto: Governo de MS/Divulgação

Após mais de 13 horas de viagem, onça retorno ao habitat natural. — Foto: Governo de MS/Divulgação

O retorno à natureza foi acompanhado por meio de uma colar que contém bateria e chip que a cada hora emite um sinal, captado pelo satélite e transmitido a um software de monitoramento.

Em junho de 2022, o colar de monitoramento caiu automaticamente. Mesmo sendo uma ação já esperada e programada, Juana comenta que chorou ao saber que não saberia mais a exata localização da onça-pintada. Apesar disso, a cozinheira comenta que a sensação é de dever cumprido.

“Eu criei um apego. É um conforto que você sente, é como se o seu filho tivesse ficado maior de idade e ele pode seguir a vida dele”, diz com orgulho.
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