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Pesquisa mostra peso maior da conta de luz no orçamento; confira

Por VALOR ECONÔMICO, GLOBO

conta de luz mais barata

Foto: istock

Oito em cada dez pessoas passaram a economizar energia para reduzir gastos com a conta de luz após verificarem que a fatura com eletricidade passou a pesar mais no orçamento doméstico nos últimos 12 meses, de acordo com a pesquisa “Percepções sobre o Setor Elétrico”, feita pelo DataFolha em julho, sob encomenda da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel).

Segundo a pesquisa, que ouviu 2.088 pessoas em 130 municípios nas cinco regiões do país, 85% responderam que passaram a reduzir o consumo para gastar menos com a conta de luz, enquanto 83% perceberam peso maior da conta de energia elétrica no orçamento doméstico.

Datafolha perguntou ainda sobre a intenção dos consumidores de trocarem de fornecedor de energia

A pesquisa da Abraceel com o Datafolha foi realizada em julho e divulgada somente neste mês por causa do período eleitoral. Ela foi compilada no momento em que o setor elétrico aguarda os passos finais para a abertura total do mercado livre.

O Ministério de Minas e Energia (MME) editou, no fim de setembro, uma portaria que permite a migração de consumidores conectados em alta tensão e carga inferior a 500 quilowatts (kW). No início de outubro, o MME abriu consulta pública sobre a migração pelos consumidores da baixa tensão. Pela proposta do governo, comércio e indústria ficam liberados para migrar a partir de 2026, enquanto residências e o segmento rural ficariam sem barreiras a partir de 2028.

A pesquisa, que tem margem de erro de dois pontos percentuais, verificou ainda que 72% deixaram de comprar itens que consumiam para pagar a conta de luz e que 67% consideram a conta de luz o principal gasto mensal. Quarenta e quatro porcento das pessoas ouvidas pelo Datafolha afirmaram que deixaram de pagar pelo menos uma conta de luz nos últimos 12 anos.

A pesquisa apurou ainda que para 69% dos brasileiros, os principais culpados pelo aumento da conta de luz nos últimos anos são os deputados federais e os senadores. A pesquisa reflete a visão dos consumidores sobre a escalada dos preços da energia nos últimos anos, com aumento na concessão de subsídios a nichos do setor elétrico e custos de mitigação das crises energéticas de 2014 e 2021, entre outros fatores.

O Datafolha perguntou também sobre a intenção dos consumidores de trocar de fornecedor de energia, em meio à consulta pública realizada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a abertura do mercado para consumidores conectados em baixa tensão: 79% afirmaram que gostariam de poder escolher a geradora de energia elétrica, num patamar considerado elevado em todas as segmentações de renda, classe social e eletricidade.

Segundo o presidente executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, “mesmo a dona Maria e o ‘seo’ José”, figuras que sintetizam pessoas mais idosas, de renda menor e menos escolarizadas, também querem ter o direito de escolher a empresa que fornece energia, o que evidencia o grau de conhecimento da sociedade sobre o que é o mercado livre de energia e a chamada portabilidade da conta de luz.

O levantamento aponta que cinco entre cada dez brasileiros com mais de 60 anos, que estudaram o ensino fundamental, pertence às classes D e E, ganham até um salário mínimo e não pertencem à população economicamente ativa, esperam que o preço da energia vai diminuir com a possibilidade de trocar de fornecedor de energia.

“A dona Maria e o ‘seo’ José costumam ser mencionados para representar o perfil de consumidor com renda menor e mais idade, um consumidor que seria passivo e que precisa ser tutelado pois não teria interesse ou capacidade de fazer escolhas. Mas, quando vamos às ruas perguntar para eles o que desejam, eles majoritariamente dizem que querem ter o direito de escolher a empresa que lhes fornece energia, pois têm expectativas de obter preços menores” afirmou Ferreira.

Para Ferreira, a economia é o principal motivador para as pessoas desejarem migrar para o mercado livre. Porém, mais do que economizar, as pessoas querem ter a liberdade de escolha que já existe em outros segmentos regulados, como a telefonia. “Independente de classe social e renda, fazemos escolhas todos os dias. Comprar energia elétrica não será muito diferente”, disse Ferreira.

O levantamento do Datafolha aponta ainda para a percepção de mais da metade dos brasileiros de que a expectativa de fazer a portabilidade nas contas de luz é de obter preços mais baixos. O Datafolha apurou que 54% das pessoas que responderam acreditam que o preço da energia elétrica tende a diminuir com a liberalização do mercado, enquanto 22% creem que o preço não vai mudar e outros 20% avaliam que a conta vai ficar mais alta. Quatro por cento não opinaram.

 

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