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Petecão deve assumir interlocução entre governos Lula e Gladson: “Fazer o meio de campo”

Por THIAGO CABRAL, PARA CONTILNET

Foto: ContilNet

Resultado

A eleição mais importante desde a redemocratização terminou no último domingo (30) com a vitória de Luis Inácio Lula da Silva (PT). Com 50,9% dos votos contra 49,1% de Bolsonaro (PL), Lula iniciará seu terceiro mandato a partir de 1 de janeiro de 2023.

Acre

Se nacionalmente o resultado foi favorável a Lula, aqui no Acre mais uma vez o bolsonarismo venceu. Foram 70,3% de votos para o candidato derrotado Jair Bolsonaro conta 29,7% de Lula. Um dos maiores percentuais do país favoráveis ao candidato de extrema-direita. O estado só ficou atrás de Roraima e Rondônia, que deram 76,08% e 70,66% de votos ao ex-capitão do Exército.

Diálogo

Um questionamento que levantei em uma coluna publicada na semana passada era sobre como ficaria o diálogo dos parlamentares acreanos com um possível governo Lula, já que praticamente 100% dos eleitos pelo Acre para representar o estado no Congresso Nacional a partir de 2023 são bolsonaristas. Uma solução parece que foi encontrada, apostar no senador Sérgio Petecão (PSD) como interlocutor.

Levantou a bola

O primeiro a levantar essa bola foi o ex-senador Jorge Viana (PT). “Nós temos dois senadores [Alan Rick e Marcio Bittar] que são aliados do Bolsonaro, mas o senador Petecão, que conversei com ele esses dias, eu acho que ele vota no Lula, não posso falar pelo voto dele, mas ele não se alinha com esse perfil novo da bancada federal do Acre. É bom que a gente tenha um senador que esteja aberto ao diálogo e eventualmente possa ajudar o presidente Lula, porque o Acre precisa ter interlocução também em Brasília”, disse o petista durante uma coletiva na manhã de domingo (30).

Endosso

Se o próprio Jorge Viana, maior liderança do PT no estado, deposita em Petecão essa esperança de que ele seja o elo entre o governo federal e o estadual, o senador do PSD não foge da responsabilidade. À coluna, Petecão disse que pode sim atuar nesse “meio de campo” entre o novo governo federal e o governo estadual.

Elo

As articulações para que Petecão comece a desempenhar esse papel já começaram. “Ontem (30) falei com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e parabenizei. Ele pediu nosso apoio e eu vou tentar, dentro da minhas possibilidades, fazer esse ‘meio de campo’ entre o Governo Federal e o governo do nosso estado. Se precisar eu estou à disposição”, disse à coluna.

Prioridade

O senador, no entanto, deixou claro que sua prioridade é o Acre. “Eu vou continuar fazendo o que eu sempre fiz, né? Sem qualquer tipo de extremismo. Colocando o Acre como prioridade, o meu estado. Eu, como coordenador da bancada, ontem (30) mesmo já tive uma conversa com o senador Márcio Bittar (UB) e vou chamar uma reunião para que a gente possa, se Deus quiser, sensibilizar o Governo Federal sobre a situação que se encontra a nossa BR-364, de Rio Branco até Cruzeiro do Sul, que está em uma situação muito grave e precisa ser feita alguma coisa. O Governo do Estado precisa se mobilizar, sobre pena do Juruá ficar isolado, e isso tá me preocupando muito”, finalizou Petecão.

Sai ganhando

Para quem apostava que Petecão ia se apequenar depois da derrota que sofreu na corrida pelo Governo do Acre, deu com os burros n’água. Com a vitória de Lula para a Presidência e sem nenhum petista ou aliado do partido em Brasília representando o Acre, o senador, que sempre teve uma postura moderada, deve se transformar de fato e de direito no principal interlocutor entre o Governo Federal e o Acre a partir de 2023. Ganha Petecão ganha o Acre. A política é de fato encantadora pelas voltas que dá.

Manifestações

Após decretada a vitória de Lula na noite do último domingo, foram várias as manifestações dos políticos acreanos em relação ao resultado das urnas. Teve de tudo, de declarações contrárias, como a do senador eleito Alan Rick (UB), que deixou mais do que claro que será oposição ao novo presidente, à declarações favoráveis e até surpreendentes, como a do candidato derrotado ao Senado, Ney Amorim (Podemos), que fez dobradinha com Gladson (PP) na disputa majoritária deste ano. Apesar de ser ex-petista, Ney se distanciou tanto do PT ao ponto de compor uma chapa bolsonarista neste pleito. Em postagem nas redes sociais, Ney parabenizou o “presidente Lula” pela eleição e disse torcer por um Brasil próspero e unido.

Republicano

Mas de todas as manifestações, a que chamou mais atenção foi a do governador Gladson Cameli (Progressistas). Bolsonarista de carteirinha, o governador reeleito sinalizou que pretende mater uma relação republicana com o novo presidente. “Estamos prontos para trabalhar em harmonia com o Governo Federal”, diz um trecho da postagem nas redes sociais do governador, em que o destaque é a foto do petista. É isso aí governador, extremismo não é bom pra ninguém.

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