No dia em que o povo brasileiro se prepara para as despedidas da cantora Gal Costa, que morreu na quarta-feira (9), aos 77 anos, em São Paulo, cujo corpo será velado amanhã (11) no prédio sede da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), um artista acreano, contemporâneo da intérprete baiana, conclui que ela tinha uma voz única.
“A voz dela, afinada e de uma qualidade extraordinária, funcionava como um instrumento. Era afinada e cantava sem fazer esforço, com um dom único”, disse, em Rio Branco, o cantor e compositor Sérgio Souto, autor de clássicos da Música Popular Brasileira (MPB), como “Falsa Alegria”, o qual, no entanto, nunca teve uma de suas canções gravadas por ela.
“Eu nunca nem tentei chegar até ela porque achava que isso seria impossível porque ela parecia inacessível, muito distante da gente tal era a grandeza de sua arte”, disse Sérgio Souto, que, embora sem contato mais próximo com a cantora, lamentou muito sua partida.
“Lamento porque vejo a geração dos nossos ídolos indo embora. Foi assim com o Aldir Blanc, meu parceiro, e com outros tantos de grande valor”, disse o artista acreano. “A voz da Gal era tão poderosa e afinada que ninguém alcançaria aquela qualidade”, acrescentou.
Segundo Sérgio Souto, mesmo que tivesse uma filha, dificilmente esta alcançaria a performance da mãe, algo bem diferente do que ocorreu com outra grande intérprete da MPB, Elis Regina, também já falecida. “A Maria Rita, filha da Elis, canta tão bem quanto a mãe, com voz idêntica. No caso da Gal, penso que isso seria impossível, mesmo por uma filha dela”, disse.