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Aos 14 anos, indígena de RO conquista medalha de ouro em concurso tecnológico

Por G1

Tuyra Amondawa, ela mora e estuda na aldeia Amondawa, que fica localizada em Mirante da Serra — Foto: Renato Lazzarotti/arquivo

Uma indígena de 14 anos, de Mirante da Serra (RO), conquistou medalha de ouro em um concurso tecnológico cujo principal objetivo é mostrar as boas práticas para o uso da energia elétrica. Além dela, outros nove alunos ‘medalharam’.

A Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE 2022) aconteceu em novembro e teve mais de 185 mil inscrições de todas as regiões do país.

Ao g1, a indígena rondoniense Tuyra Amondawa diz que a conquista da medalha foi um motivo de recompensa pessoal.

“Sou casada, tenho dois filhos, dois irmãos com deficiência física e que moram comigo. Mas ainda sim conseguimos a medalha. Foi difícil, mas conseguimos”, diz timidamente a estudante da etnia Amondawa.

Tambura Amondawa, 31 anos, o irmão mais velho de Tuyra, revela estar orgulhoso da irmã e que o prêmio é o resultado da dedicação dela. Ele foi quem assumiu a responsabilidade da casa e pelos sete irmãos, após a morte dos pais. Tambura conta que sempre incentivou os estudos na família.

“Quando nosso pai morreu, a Tuyra era só um bebê. Eu tinha 16 anos e assumi a responabilidade da casa. Depois nossa mãe morreu por causa de uma doença. Naquela ocasião, além da responsabilidade da casa, tive que lidar com o emocional dos meus irmãos. Mas com esse resultado dela percebo que fiz o certo”, diz.

Além dela, outros nove alunos também medalharam. No total 12 alunos da aldeia foram inscritos. — Foto: Renato Lazzarotti/arquivo

Além dela, outros nove alunos também medalharam. No total 12 alunos da aldeia foram inscritos. — Foto: Renato Lazzarotti/arquivo

Recursos tecnológicos escassos

O professor Renato Moura Lazzarotti, de 29 anos, atua há 10 meses na escola dentro da aldeia em Mirante da Serra. Foi ele o responsável pela inscrição e preparação dos alunos do 8º e 9º ano da Escola Amondawada na 2ª Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE 2022).

Ao saber da ONEE, Renato diz não ter se interessado inicialmente porque viu que o conteúdo da competição era oferecido através de plataformas digitais. Dos seus alunos, apenas três tinham acesso à internet através de celulares.

No entanto, ao ler o edital, percebeu que as aulas e as provas poderiam ser impressas. Era o que precisava para apresentar proposta às lideranças e aos alunos, que ficaram empolgados com a possibilidade de participar.

“Por conta da dificuldade de me adaptar com a cultura e com a convivência, fiquei receoso, pois imaginei várias situações, mas fui muito bem recebido e com entusiamos começamos uma maratona de estudos e preparação”, conta.

Na olimpíada o professor inscreveu 14 alunos do 8º e 9º ano. Desses, 10 conquistaram medalhas.

“Foram três semanas ininterruptas de estudos utilizando o material disponibilizado pela organização da competição. Boa parte do conteúdo já tinha sido visto pelos estudantes nos estudos de matemática e ciências, mas mesmo assim eles não deixaram de se empenhar”, explica.

Há 10 meses como professor na escola da aldeia, Renato Lazzarotti, de 29 anos, diz estar feliz com o resultados dos alunos — Foto: Renato Lazzarotti/ arquivo

Tanto empenho resultou em três medalhas de bronze, cinco de prata e duas de ouro. Toda a dedicação dos alunos motivou ainda mais o professor.

“Foi um momento único na minha vida. Me senti mais realizado que eles, vendo meus alunos brilhando e o reconhecimento pelos seus esforços”, conta.

ONEE

A ONEE 2022 é direcionada a estudantes de 8º e 9º ano de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país, levando informações sobre o uso racional da energia elétrica, além de contribuir para a criação de uma geração de consumidores conscientes, quantificando esse conhecimento através de desafios e provas.

No projeto piloto da ONEE, realizado em 2021, foram recebidas mais de 40 mil inscrições, de estudantes de 120 municípios. Em sua segunda edição, a ONEE ultrapassou a marca de 185 mil inscritos, de mais de 5.000 municípios dos estados de Alagoas, Amapá, Bahia, Sergipe, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Acre e Tocantins, além do Distrito Federal.

A competição é uma iniciativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conta com a coordenação do Instituto da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (IAbradee) e com a realização de concessionárias de energia que operam em 24 estados e no Distrito Federal: CELESC Distribuição, CEMIG Distribuição, COPEL Distribuição, Grupo CPFL, Grupo EDP, Grupo ENEL, Grupo ENERGISA, Grupo EQUATORIAL, Grupo NEOENERGIA e LIGHT.

Tuyra Amondawa, ela mora e estuda na aldeia Amondawa, que fica localizada em Mirante da Serra — Foto: Renato Lazzarotti/arquivo

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