Governador eleito de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi fotografado aos risos com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, durante a posse dos ministros indicados ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) Messod Azulay Neto e Paulo Sérgio Domingues.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu ao evento, ocorrido em Brasília, mas saiu sem falar com a imprensa e não discursou. Ontem, o candidato derrotado chorou ao participar de uma cerimônia das Forças Armadas, em Brasília, e também saiu do local sem discursar.
A foto do governador eleito e do presidente do TSE, alvo frequente de críticas de Bolsonaro e seus apoiadores, ocorreu um dia após Tarcísio dizer à CNN Brasil que nunca foi “bolsonarista raiz” e que não quer entrar em uma “guerra ideológica” em seu governo.
Apesar da fala à emissora, ao longo da campanha, Tarcísio posou com Bolsonaro por diversas vezes ao cumprir agendas em “dobradinha” na busca de votos para ambos. O próprio chefe do Executivo apareceu na campanha eleitoral do ex-ministro para pedir votos ao aliado.
Os registros dos fotógrafos Ton Molina e Wilton Junior, do Estadão Conteúdo, mostram Tarcísio e Moraes próximos e conversando. Nas imagens é possível ver que o presidente do TSE e o governador eleito aparecem ambos sorrindo.
No sábado, após receber críticas de aliados de Bolsonaro, a assessoria de Tarcísio negou que ele tenha encontrado Alexandre de Moraes na noite anterior, em São Paulo, como foi informado na imprensa. “Única agenda que tenho dele aqui é essa [duas visitas a unidades militares na sexta-feira (2) e hoje (então dia 3]”, esclareceu.
‘Eu nunca fui bolsonarista raiz’, diz Tarcísio
Ontem, Tarcísio disse que nunca foi “bolsonarista raiz” e que não quer entrar em uma “guerra ideológica” em seu governo.
“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas, principalmente, desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal”, disse, em entrevista à CNN Brasil. “Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural.”
Para o político, o “Brasil está muito tenso e dividido” e, por isso, é “preciso pacificar”. Ele relatou que recebeu críticas por enviar uma mensagem de apoio, via redes sociais, para a família de Luiz Antônio Fleury Filho, ex-governador de São Paulo, que morreu no mês passado.
“Depois, tinha um evento em que teve um jantar com ministros do STF [Supremo Tribunal Federal], STJ [Superior Tribunal de Justiça], TSE [Tribunal Superior Eleitoral], TCU [Tribunal de Contas da União]. E, na divisão das mesas, me botaram ao lado do ministro Barroso. Queriam que eu me levantasse e saísse? Sou governador eleito de São Paulo. Vou conversar com ministros do STF”, disse.
Luís Roberto Barroso é um dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) também criticado frequentemente por Bolsonaro e seus apoiadores.
Tarcísio ressaltou que não repetirá o “erro” já cometido na gestão de Jair Bolsonaro (PL) de “tensionar” as relações com os demais Poderes.
Vamos conversar com ministros do STF. E Barroso é um ministro preparadíssimo, razoável. Sempre que eu, na condição de ministro [da Infraestrutura], precisei dele, ele ajudou o ministério. Sempre votou a favor das nossas demandas. Mas ‘os caras’ me esculhambaram.
Na entrevista, Tarcísio também comentou que tem gratidão por Bolsonaro, mas revelou que diz para o amigo “sair” do casulo para liderar uma oposição de centro-direita ao presidente eleito.