Idalécio Junqueira colecionava dinheiro de países do mundo sem nunca ter saído do Brasil

Sepultado nesta manhã chuvosa de sexta-feira (16), no Cemitério São João Batista, Idalécio Junqueira, cidadão honorário do Acre, era mais que um dos mais antigos moradores do Conjunto Cohab do Bosque, em Rio Branco.

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Era um apaixonado pelo Vasco da Gama e também por dinheiro, mas não no sentido estabelecido pelo capitalismo pregado pelo escocês Adam Smith segundo o qual “o capitalismo é o sistema que está em vigor até hoje na maior parte do mundo. Nesse modelo, os meios de produção, distribuição, a oferta/demanda/preço e os investimentos são em grande parte (ou até totalmente, dependendo da nação) responsabilidade da propriedade privada”.

Idalécio Junqueira, um ex-militar do Exército que, ao se aposentar, virou fotógrafo de eventos, o capitalismo tinha o sentido do diletantismo. Dinheiro, segundo ele, era para gastar, passar troco mas, a depender da moeda e de sua origem, qualquer que fosse o valor da cédula, era para guardar. Idalécio Junqueira colecionava cédulas de dinheiro dos países ao redor do mundo, sem jamais ter se ausentado do Brasil.

Isso era possível porque, cheio de amigos e bem relacionado, a todos quantos viajavam ele pedia que os viajantes lhes trouxessem cédulas dos países visitados. Assim, poderia exibir, sem esconder o orgulho, aquele pequeno tesouro com cédulas de países de praticamente todos os continentes. Não poderia deixar de faltar, claro, cédulas das diversas moedas já utilizadas pela claudicante economia brasileira até o advento do Real.

Na última vez em que o repórter encontrou o velho colecionador, veio a provocação: “e aí, já tem a cédula de R$ 200,00 do Bolsonaro?” – a nova cédula do Real foi lançada no governo do atual presidente e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, com a assinatura de ambos. Meio que sem graça, cofiando o vasto bigode, Idalécio Junqueira responde: “sabia que essa ainda não tenho… Nunca nem vi”, revelou. E riu.

Era uma figura alegre, simpática e humana o falecido Idalécio, cuja coleção a nova geração da família Junqueira deve guardar e fazê-la aumentar em homenagem a um homem que mostrou, a seu modo, que o dinheiro é importante, mas também pode servir apenas para coleção, como de selos, isqueiros, canetas ou bonés. O capitalismo à moda Idalécio Junqueira.

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