Um dos principais líderes da oposição na Bolívia, o governador do departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foi preso nesta quarta-feira (28) após a ordem de um procurador, segundo o ministro do Interior, Eduardo del Castillo.
O motivo da prisão ainda é desconhecido, mas nos últimos meses o político ajudou a organizar protestos que bloquearam ruas e interromperam o comércio em várias regiões do país. Os atos exigiam a realização do censo populacional boliviano, cujos trabalhos estão atrasados em função da pandemia e, segundo especialistas, deve garantir mais receitas fiscais e assentos no Congresso a representantes do estado de Santa Cruz, um dos mais populosos e ricos da Bolívia.
“Informamos ao povo que a polícia boliviana cumpriu a ordem de prisão contra o senhor Luis Fernando Camacho”, disse o ministro Eduardo del Castillo, sem entrar em detalhes. Segundo a imprensa local, o governador foi transferido para o aeroporto de Santa Cruz, de onde deve ser levado para La Paz.
“Neste momento, não se sabe o paradeiro do governador, pelo que responsabilizamos o governo do presidente Luis Arce pela segurança física e pela sua vida”, comunicou o gabinete de Camacho, acrescentando que o político “foi sequestrado, em uma operação policial totalmente irregular e levado a um endereço desconhecido”.
Em protesto, centenas de pessoas invadiram as pistas de dois aeroportos de Santa Cruz -o internacional Viru Viru, e o doméstico, Trompillo. Segundo a emissora boliviana Unitel, os manifestantes gritam palavras de ordem pela libertação de Camacho e tentam impedir a decolagem de aeronaves.
Camacho é um dos principais líderes da direita boliviana e comanda o segundo maior bloco da oposição no Parlamento, o Acreditamos, atrás apenas do partido Comunidade Cidadã, do ex-presidente Carlos Mesa. A legenda Movimento ao Socialismo, liderado pelo presidente esquerdista Luis Arce e seu mentor, Evo Morales, é a principal força legislativa.