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Neutel Maia, fundador de Rio Branco, é tratado como anti-herói da história da fundação da cidade

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Neutel Maia. Foto: Reprodução

No dia em que a cidade de Rio Branco completa seus 140 anos de fundação, nesta quinta-feira (28), ainda que haja controvérsias quanto à data questionada por alguns historiadores, não há duvida quanto à identidade do homem que enfrentou as dificuldades da época para fundar o primeiro núcleo urbano que daria origem da futura capital do Acre.

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Neutel Newton Maia, o cearense que seria o primeiro ser humano a ancorar na Gameleira com o seu barco, o vapor Apihy, com o qual navegou desde Belém subindo a costa do Rio do Acre, entre os anos de 1881 e 1882, a procura de terras livres para ser proprietário de fazenda onde cultivaria seringais de sua empresa Volta Empeza, é uma espécie de anti-herói da história acreana. Após se incompatibilizar com Plácido de Castro, ele morreu no Rio de Janeiro, atropelado por um bonde de tração animal, após ter amaldiçoado a cidade que fundara.

Consta que o futuro seringalista, que havia sido comerciante no Ceará e em Belém, no Pará, onde envolveu-se em ocorrências policias, inclusive num assassinato, acabou por aportar no Acre. Aqui, logo descobriu que era só mais um comerciante de seringueiras e queria prosseguir como comerciante e fundou a casa Nemaia & Cia, começando a negociar gado que vinha de campos da Bolívia, tangidos por varadouros, mata a dentro, a pé. Como comerciante, Neutel Maia vendeu terrenos para outros comerciantes e Volta Empeza se tornou um porto bem movimentado.

Em 1889, com o estouro da Revolução do Acre Neutel imediatamente ficou a favor dos bolivianos, seus parceiros de negócios. Durante os primeiros movimentos que eclodiriam a Revolução Acreana, se manteve firme nessa posição, chegando a ser preso por Luiz Galvez, durante o período em que o espanhol se sagrou Imperador do Acre. Com a eclosão da Revolução comandada por Plácido de Castro, ele foi denunciado como brasileiro traidor por Gentil Noberto, um dos generais de campanha acreana.

Com a assinatura do Tratado de Petrópolis e a Criação do Território Federal do Acre, em 07 de setembro de 1904, a cidade que era conhecida por Volta Empeza foi renomeada como Villa Rio Branco e passou abrigar a Sede de Departamento do Alto do Acre, com Plácido de Castro no comando. As mágoas com o antigo comandante da Revolução continuaram durante o governo de Epaminondas Jácome, governador do território após o assassinato de Plácido de Castro, em 1888. Em 1920, Rio Branco se tornou capital do Acre e todo território foi unificado.

Chateado com a fama de traidor e persona non grata do governo Epaminondas Jácome, Neutel Maia embarcou de novo, no barco a vapor e amaldiçoou a cidade a qual ele tinha fundado e foi morar no Rio de Janeiro, na capital da República. Ali, desatento, num dia qualquer, teria sido atropelado por um bonde de tração a cavalos e morreu em plena Avenida Rio Branco. Aliás, Rio Branco já era o nome da capital, em homenagem ao embaixador Sérgio Paranhos Fleury, o chefe da diplomacia brasileira na época, conhecido como Barão do Rio Branco.

Sobre Neutel Maia, afora um colégio que leva seu nome, na Avenida Nações Unidas, no bairro do Bosque, as informações são escassas. A mais contundente é que, segundo o folclore, o fantasma de Neutel é visto com frequência perto da árvore chamada Gameleira, onde ele e a família adoravam acampar quando era de noite para lembrar a chegada à futura cidade.

Na época, a Gameleira tinha 20 metros de altura e 2,5 diâmetros e foi tombada como Monumento Histórico em 1981. Embora haja informações de botânicos de que a árvore testemunha da fundação da cidade não está mais lá. Ela teria sido “comida” por um Apuí, um vegetal capaz de se instalar sobre árvores originais e tomar seu lugar na vegetação.

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