Se você é fumante habitual, como foi o ator Pedro Paulo Rangel, morto na madrugada desta quarta-feira (21/12) aos 74 anos, tem 90% de chance de sofrer de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). E é provável que você nem saiba disso.
Rangel, que fumou até 1998, foi diagnosticado com DPOC em 2002. A doença não tem cura, mas o ator conseguiu controlá-la com remédios e fisioterapia. Ele estava internado desde o dia 30 de outubro na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro — sua morte foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital.
O ator, um dos grandes nomes do teatro brasileiro e presença marcante na TV, faz parte de um pequeno contingente de pacientes que recebe o diagnóstico positivo para a doença. Estima-se que apenas um a cada dez brasileiros com DPOC é corretamente diagnosticado. (ler mais abaixo).
O que é a DPOC
A DPOC é caracterizada por uma redução persistente do fluxo de ar. Piora com o tempo e pode se agravar a ponto de levar à morte.
Ela se desenvolve de quadros persistentes de bronquite ou enfisema pulmonar. Na bronquite, há persistente produção de muco e inflamação nas vias aéreas. No enfisema há destruição dos alvéolos, estruturas responsáveis pelo fluxo de ar nos pulmões.
Sua principal causa é a exposição à fumaça do cigarro, seja o fumante ativo ou passivo. A exposição a outros tipos de fumaça também causar a doença — quem trabalha com fornos de lenha em pizzarias ou carvoarias também corre risco.
E, geralmente, se manifesta de forma silenciosa: 80% das pessoas afetadas nem sequer sabem disso, segundo a Fundepoc, uma instituição argentina especializada na doença.
Também não há cura para a DPOC e cerca de 3 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência do mal, segundo a OMS, que afeta 384 milhões de pessoas em todo o mundo.
Do total de vítimas, 13,6% são adultos com mais de 35 anos da América Latina, conforme os dados da Fundepoc. No Brasil, estima-se que 6 milhões de pessoas tenham DPOC — mas somente 12% dos pacientes são diagnosticados.
Sintomas
Um dos grandes problemas da DPOC é justamente que nem sempre ela é diagnosticada.
E os fumantes geralmente não se queixam ou vão ao médico por estarem tossindo ou apresentarem dificuldades respiratórias, adverte a OMS.
A doença evolui de forma lenta e normalmente só se torna visível a partir dos 40 ou 50 anos, assegura a mesma organização.
Os sintomas mais frequentes são a dispneia (dificuldade para respirar), tosse crônica e a produção de fleumas (expectoração com muco).
A doença piora com o tempo e atividades cotidianas como subir escadas ou carregar uma mala podem ser extremamente difíceis. A dificuldade para respirar, em princípio relacionada ao esforço, acaba aparecendo também quando se está em repouso. Às vezes, ela é tão forte que pode chegar a incapacitar a pessoa por completo. Neste caso, deve-se procurar o médico com urgência.
Fumaça emitida por chaminé de fábrica: A poluição externa é um dos fatores considerados de risco, segundo especialistas — Foto: Frank Augstein/AP
Riscos