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‘Pablo Escobar brasileiro’ pode receber R$ 1,3 milhão em aposentadoria

Por G1

Major Carvalho trabalhou por dezesseis anos na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul — Foto: TV Globo/Reprodução

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A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu a Sérgio Roberto de Carvalho, mais conhecido como major Carvalho ou “Pablo Escobar brasileiro”, o direito de receber R$ 1,3 milhão em aposentadoria. Porém, a Justiça do Paraná decretou o sequestro do montante nesta segunda-feira (5). O megatraficante, que está preso na Hungria por tráfico internacional de drogas, pode recorrer da decisão.

A decisão para o pagamento da previdência foi tomada pelo juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara da Justiça de Campo Grande, em 29 de novembro deste ano. Entretanto, a pedido do Ministério Público Federal no Paraná, a Justiça decretou o sequestro do montante milionário, visto a atuação criminosa do ex-major no estado.

Além de reter o dinheiro, a Justiça do Paraná oficializou a 4ª Vara da Fazenda Pública de Campo Grande para que o pagamento, em precatórios, não seja feito ao traficante.

g1 entrou em contato com a defesa do ex-major Carvalho no Brasil, que disse não poder se manifestar das decisões judiciais de Mato Grosso do Sul e do Paraná.

Em 2015, o ex-major da Polícia Militar entrou com processo contra a Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul alegando que não recebeu aposentadoria entre os anos de 2011 e 2015. O pagamento não foi feito, já que o traficante não compareceu em uma prova de vida, momento em que havia forjado óbito para fugir das acusações de tráfico internacional de drogas.

Aposentadoria indefinida

O dinheiro em aposentadoria que o major Carvalho pode receber é relacionado ao tempo que ficou afastado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Em 1997, Carvalho foi transferido para a reserva remunerada da corporação.

Já em 1998, o traficante foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de 230 quilos de cocaína. O ex-PM sofreu um processo para a perda do posto e da patente e, em junho de 2010, teve a aposentadoria suspensa.

Em outubro de 2016, porém, o desembargador Claudionor Miguel Duarte mandou a Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul voltar a pagar a aposentadoria ao ex-major, sob pena de crime de desobediência. A alegação é de que a condenação do ex-PM veio depois de ele ter sido transferido para a reserva remunerada, ficando alguns anos afastado e sem receber pela aposentadoria.

Acusado por tráfico e na lista da Interpol

Segundo a Polícia Federal, Sérgio Roberto de Carvalho comandava uma organização criminosa internacional. Ele teria montado um esquema para mandar grandes quantidades de cocaína para Europa, África e Ásia. Na Europa, o ex-major brasileiro se escondeu em uma identidade falsa: Paul Wouter.

Com a investigação, o nome do ex-major da Polícia Militar foi colocado na lista dos bandidos mais procurados pela Interpol e ele passou a ser chamado de “Pablo Escobar brasileiro”.

A polícia europeia desmontou parte dessa história. O verdadeiro negócio do empresário era o tráfico de drogas. Em agosto de 2020, o latino Paul Wouter — que era na verdade o ex-major e traficante brasileiro — chegou a ser preso. A suspeita: chefiar a quadrilha que trouxe cocaína da América do Sul para a Europa em uma embarcação, mas ele pagou fiança e foi solto.

A polícia portuguesa encontrou 12 milhões de euros em endereço ligado ao traficante. A fuga aconteceu depois que a polícia europeia foi comunicada sobre a outra parte da história, o de sua identidade falsa. Antes disso, o ex-major já tinha enganado a Justiça com uma outra farsa: um atestado de óbito por Covid-19 forjado que o livrou de aparecer como Paul Wouter no julgamento pela droga apreendida no barco.

Quem alertou a polícia europeia que Paul e o ex-major Carvalho eram a mesma pessoa foi a Polícia Federal brasileira.

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