Policial que estuprou presa em delegacia, perde o cargo e é condenado a 13 anos

O investigador Elbelsom de Oliveira, de 41 anos, acusado de estuprar e ameaçar uma detenta, de 28 anos, dentro da cela da delegacia de Sidrolândia (MS), a 68 km de Campo Grande, foi condenado a 13 anos, 7 meses e 15 dias. O réu foi condenado pelos crimes de estupro e importunação sexual.

Elbelsom também perdeu o cargo público e foi sentenciado a sete meses de detenção por entregar celulares aos presos da unidade em uma tentativa de comprar o silêncio sobre o crime. O g1 entrou em contato com a defesa do réu, que não se manifestou sobre o assunto.

Abusos

Com exclusividade, o g1 conversou com a vítima que relatou os abusos e traumas com os quais conviveu diariamente durante a prisão. Por segurança, a identidade da vítima foi preservada. Assista a um trecho da entrevista abaixo.

A vítima que teve o direito de responder ao processo por tráfico de drogas em liberdade. Depois de ter sido vítima de abuso, o juiz entendeu que a integridade física e psicológica dela não poderia ser garantida se ela continuasse encarcerada.

No dia 20 de abril o acusado foi afastado compulsoriamente do cargo e entregou sua arma, carteira funcional e teve todas as senhas de acesso ao sistema policial suspensas. A medida assinada pelo delegado-geral da Polícia Civil, Márcio Rogério Faria Custódio, foi publicada no Diário Oficial do Estado.

Durante o julgamento, o magistrado não considerou os crimes de violência psicológica e tortura, então, por esses crimes, Elbeson foi absolvido. A decisão mais importante, no entanto, foi a perda do cargo. Junto com a sentença, o juiz determinou que o réu seja afastado permanecimento da corporação.

Investigador é preso por estupro

No dia 12 de abril, o investigador foi preso em flagrante suspeito de estuprar uma detenta na delegacia de Sidrolândia. Segundo denúncia, a vítima foi retirada de uma das celas e levada para a Sala Lilás, espaço da unidade policial dedicado ao atendimento de mulheres vítimas de violência de gênero, onde foi abusada sexualmente pelo servidor que atuava na Polícia Civil desde 2015.

Conforme o boletim de ocorrência, os detentos, que haviam tido o silêncio “comprado” com um celular, solicitaram a presença de uma delegada da cidade. O grupo afirmava estar com um celular, o que chegou a ser questionado por policiais, mas só esclarecido após a chegada da delegada.

Para ela, os detentos disseram ter escutado a vítima chorando na noite anterior, ocasião em que ela revelou ter sido abusada sexualmente pelo investigador. Os detentos disseram que questionaram o suspeito sobre o estupro, e o investigador disse que nada havia acontecido. Ainda segundo os detentos, o servidor alegou que a presa estava menstruada, por isso, foi retirada da cela.

Após ouvirem o relato dos detentos, a delegada realizou atendimento especializado com a vítima. A detenta disse que foi levada para uma sala e obrigada a ficar de joelhos e fazer sexo oral no suspeito. De acordo com a denúncia, a mulher disse que o suspeito já havia cometido abuso contra ela cerca de uma semana antes e que, na ocasião, a obrigou a tomar banho depois do estupro.

Segundo depoimento da vítima, os abusos aconteceram na Sala Lilás da delegacia e no alojamento dos plantonistas, locais aos quais a presa não teria acesso por conta própria.

Com os depoimentos, a delegada buscou imagens das câmeras de segurança da delegacia, que confirmaram que o servidor havia retirado a mulher da cela. Uma detenta que dividia cela com a vítima também confirmou que a companheira foi retirada pelo investigador.

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