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Militantes dos direitos humanos recebem homenagem com edição do Prêmio Bacurau

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Foto: Reprodução

Criado durante as administrações do PT, durante os 20 anos em que governou o Acre, incluindo pelo menos uma década à frente da Prefeitura Municipal de Rio, o Prêmio de Direitos Humanos “Bacurau” foi mantido e realizado pela atual gestão da capital. “Bacurau” era o apelido do militante político petista e do Movimento de Reintegração dos Hanseanianos (Morhan), Francisco Augusto Vieira Nunes, falecido em 1997.

Na última terça-feira (20), a Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), realizou a 3ª edição do Prêmio, na Biblioteca Pública Estadual. De acordo com os organizadores do evento, o prêmio tem por objetivo reconhecer e homenagear pessoas ou instituições que trabalham e/ou trabalhavam de forma voluntária nas causas dos direitos humanos. Nesta edição, os filhos e netos do Bacurau estiveram presentes durante a cerimônia de premiação.

Com a primeira edição realizada em 2019, e não sendo realizada em 2021 devido a pandemia de Covid-19, este ano seis pessoas foram homenageadas. O modo de seleção dos homenageados foi através de inscrição, e classificado por meio de pontos com base nos critérios publicados em edital.

Um dos homenageados, Edivaldo de Freitas Paz, que há 30 anos apoia pessoas que vêm doentes dos seringais, se emocionou ao receber o prêmio. “É muito forte saber que você tem um trabalho de trinta anos reconhecido. Hoje era pra eu ser tenente coronel ou major da polícia militar na reserva. Abandonei a farda para acolher pessoas que eu nunca vi na vida”, revelou.

Foto: Reprodução

O prefeito Tião Bocalom disse que esse prêmio é uma forma de estimular as pessoas a cuidarem mais daqueles que mais necessitam de cuidados. “Acho que é importantíssimo o Prêmio Bacurau. Os direitos humanos precisam sair do discurso e ir para a prática. É o que nós da prefeitura estamos fazendo”, disse Bocalom.

Rila Freze, diretora do Direitos Humanos, também destaca que esse momento “fecha um ciclo de muito trabalho, onde fica comprovado que a gestão Bocalom e Marfisa, reconhece pessoas/Instituição, que defendem e promovem os direitos humanos, e ao mesmo estimula a defender e promover os direitos humanos”.

Quem foram os homenageados:

Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – Morhan, é uma instituição sem fins lucrativos fundada em 1981, com atividades voltadas à eliminação da hanseníase, contando com familiares, amigos e outros atuando como voluntários;

Doutor Paulo Jesus Cesar, um dos fundadores do Morhan no Acre, voluntário na instituição há 40 anos na prevenção da Hanseníase de forma gratuita, levando atendimento a seringueiros, em aldeias e localidades ribeirinhas. Durante a pandemia de Covid-19, atendeu voluntariamente de forma gratuita pessoas por meio de visitas domiciliares;

Jovens Com Uma Missão – Jocum, desenvolve trabalhos na área social desde dos anos 2000, com atuação em abrigos e centros de recuperação para dependentes químicos, oferecendo assistência de saúde, prevenção de drogas e gravidez indesejada na adolescência, além de outros trabalhos;

Casa de Acolhida Souza Araújo, com existência desde 1928, iniciou com uma pequena casa de madeira onde acolhia 30 hansenianos. No final de 1969 inaugura-se o complexo do Leprosário da Colônia Souza Araujo, com aproximadamente 400 hansenianos que até então moravam em choupanas. Em 2000 passa a se chamar Casa de Acolhida Souza Araújo;

Edivaldo de Freitas Paes, de 54 anos, atuou na Polícia Militar de 1992 a 1999, quando passou a dedicar-se voluntariamente à promoção e defesa dos direitos humanos. Trabalhou na alfabetização de crianças, adolescentes, seringueiros e mulheres atuando até os dias de hoje em bairros em vulnerabilidade social;

Foto: Reprodução

Roberto Santini, 82 anos, nascido em Braga, na Itália e naturalizado brasileiro em 94, iniciou os trabalhos voluntários com hansenianos em 1975 no Maranhão. No Acre, Roberto iniciou em 1980 após um convite do bispo Dom Moacyr. Grechi Foi o primeiro diretor da Casa de Acolhida Souza Araújo, trabalhou no posto de saúde no bairro Placas, atuou como professor da rede pública e em defesa dos deficientes físicos, continuando ativamente na luta pela igualdade entre as pessoas.

Foto: Reprodução

Francisco Augusto Vieira Nunes, o Bacurau, nasceu em Manicoré, no Estado do Amazonas, em 1939. Contraiu hanseníase aos cinco anos de idade, na década de 40. Desde a infância conheceu de perto o preconceito e o isolamento do convívio social. Na adolescência passou a morar no hospital colônia de Porto Velho e lá ganhou o apelido de Bacurau, nome de um pássaro da região.

No início da década de 60 foi internado na colônia Souza Araújo, em Rio Branco. Por seu envolvimento efetivo nas questões da comunidade, tornou-se um líder comunitário respeitado. Até a sua morte, em 1997, participou ativamente de várias lutas sociais, foi reconhecido e premiado internacionalmente pelas iniciativas e conquistas. Bacurau foi um dos fundadores do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), em 1981.

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