Um médico que estava de plantão em um hospital público de Ipixuna, no sudoeste do Amazonas, denunciou ter sido agredido pelo vereador do município Elton Almeida (PL), na terça-feira (7). Segundo a direção da unidade, a confusão ocorreu quando o parlamentar buscou atendimento para a filha e teria exigido que ela passasse à frente de outros pacientes.
O g1 tenta contato com o vereador e com a Secretaria Municipal de Ipixuna. O médico que foi vítima das agressões alegou estar abalado e preferiu não dar declarações à imprensa.
Segundo o diretor do Hospital Maria da Glória Dantas, Edson Fidelis, o parlamentar teria chegado à unidade hospitalar alegando que a filha estava convulsionando. Entretanto, o quadro foi descartado após avaliação da equipe médica.
“Quando foi realizado o atendimento pelas enfermeiras, os sinais vitais estavam normais, então ela não estava em crise. E o médico informou que por ela não estar em crise, ele teria que atender outros pacientes que estavam internados e precisavam de maior cuidado, e depois ele retornaria para o pronto-socorro para atender os pacientes de urgência e emergência, e aí voltaria às atenções para os pacientes em quadro de menor gravidade”, relatou o diretor da unidade ao g1.
O vereador ficou exaltado após ouvir o que o médico havia dito, e chegou a invadir uma ala onde não tem autorização para entrar, para dizer que exigia o atendimento.
“Mesmo quando o médico estava atendendo os pacientes de emergência, ele ficou o tempo todo tentando coagi-lo, dizendo que queria pressa no atendimento e chamando o profissional de ‘vagabundo’ e outras palavras de baixo calão”, disse Edson.
Ao ouvir os xingamentos, o médico se irritou e rebateu o vereador. O vereador teria iniciado as agressões físicas, e os dois chegaram às vias de fato em plena na unidade hospitalar.
No boletim de ocorrência, registrada pela equipe do hospital na delegacia de Ipixuna, integrantes da equipe médica que testemunharam o episódio afirmaram que essa não é a primeira vez que o parlamentar cria confusão na unidade por não obter prioridade no atendimento.
“Não é a primeira vez (…) Elton costuma chegar ao local querendo atendimento exclusivo e age com agressões verbais”, disse, em depoimento à polícia, uma das enfermeiras da unidade.
Após o episódio, o médico comunicou à direção do hospital que pretende deixar o município.
“Quem fica prejudicado é a população com a decisão do profissional de deixar a cidade. Nós trabalhamos com regime de plantão de 15 dias, então isso vai afetar muito o atendimento à saúde das pessoas que moram em Ipixuna”, concluiu Edson Fidelis.